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O que correu bem e o que corre mal na gestão da pandemia de Covid-19
Passaram três anos desde que, em Janeiro de 2020, a Organização Mundial de Saúde declarou uma emergência de saúde pública internacional. Apesar dos muitos esforços para aprender com a pandemia durante estes três anos e de alguns dos líderes mundiais terem declarado o fim da crise, a Covid-19 continua a representar um grande risco e não parece ter desaparecido. Nesta edição, vamos avaliar o estado da pandemia com um painel de convidados.
“Os avanços na terapêutica e nas vacinas permitiram-nos reabrir a nossa sociedade. Parte do entusiasmo vem do facto de podermos voltar a ter reuniões como esta, após um longo período de perturbação. Ainda temos nos Estados Unidos 526 mortes por dia devido à Covid-19. Mas, nove em cada dez mortes poderiam ser evitadas se tomássemos as vacinas e os reforços e praticássemos certos gestos, como a ventilação, o uso de máscara quando apropriado, a distância de segurança, entre outros. Como pessoa que trabalha em saúde pública, pensar que poderíamos evitar nove em cada dez dessas mortes leva-me a dizer que devemos evitar de falar prematuramente do fim da pandemia. Quando falamos do contexto atual, é preciso também discutir as implicações mais crónicas desta pandemia. Por exemplo, nos EUA, mais de 174 mil bebés da Covid-19 serão afetados por esta pandemia ao longo da vida. E é preciso considerar que a Covid-19 longa é uma realidade”, afirmou Michelle Williams, Reitora da Faculdade da Harvard Chan School of Public Health.
Custo da pandemia representa 3,7 biliões de dólares
Segunda a especialista, a pandemia ainda terminou e vai ter um impacto a longo prazo. “Não só vai ter impacto nas pessoas e nas famílias, mas terá um impacto económico, tal como foi quantificado por Larry Summers e David Cutler, da Harvard. Vai custar 3,7 biliões de dólares. O nosso sistema de saúde ainda vive dificuldades. Espero que as pessoas compreendam que a vacina não só protege os indivíduos da transmissão e da severidade da doença, mas também protege os nossos sistemas de saúde. Somos capazes de ter um sistema de saúde funcional, ou quase funcional, porque não temos os tipos de doenças graves que enfrentávamos em 2020. E precisamos também de reconhecer que os nossos sistemas de saúde também têm de recuperar. Assistimos ao burnout dos nossos profissionais de saúde e temos casos mistos de doenças crónicas que são piores agora e requerem uma intervenção médica mais intensiva”, acrescentou a responsável.
Clique no vídeo para ver na íntegra a edição especial de Global Conversation, dedicada à pandemia.