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Tribunal bielorrusso inicia julgamento de jornalistas que deram voz à oposição
Começou esta quinta-feira no Tribunal Distrital de Minsk, a capital da Bielorrússia, o julgamento dos jornalistas do portal NEXTA, o conjunto de canais, nomeadamente na plataforma Telegram, que deu voz à oposição do Presidente Alexander Lukashenko após as eleições de agosto de 2020.
Antigo chefe da redação do portal, Raman Pratasevich foi detido em maio de 2021 após o avião comercial da companhia irlandesa Ryanair, em que viajava da Grécia para a Lituânia, ter sido desviado para Minsk por um avião da força aérea bielorrussa devido a uma alegada ameaça de bomba a bordo, nunca comprovada.
Pratasevich é o único réu presente no tribunal. Outros dois fundadores do NEXTA, Stepan Putilo e Yan Rudik, são julgados à revelia e sem sequer terem contatado com os advogados de defesa que lhes foram atribuídos. Os três são acusados de organizar protestos e conspirar para derrubar Lukashenko.
Na leitura inicial do processo, o tribunal revelou que o trio é acusado de pelo menos 1.586 crimes, incluindo a participação num plano para transferir o poder na Bielorrússia de Lukashenko para Sviatlana Tsikhanouskaya, uma das faces mais mediáticas na liderança da oposição bielorrussa.
Em declarações supostamente recolhidas no interior do tribunal pela agência de notícias estatal BelTA, o jornalista parece falar sem coação e diz estar “moral e psicologicamente preparado para qualquer resultado”.
“Nada está nas minhas mãos”, afirma Raman Pratasevich, garantindo estar de acordo com as acusações que lhe são dirigidas.
Raman Pratasevich foi detido em maio de 2021 quando viajava ao lado da namorada.
O jornalista passou algumas semanas detido e, após ter aceitado cooperar com a justiça, inclusive com um vídeo onde revelou uma posição contrária à que defendia anteriormente, mostrando-se então elogioso para o Presidente Lukashenko e criticando a oposição, que assegurava estar a ser financiada por governos europeus e bielorrussos milionários no exílio.
Raman Pratasevich, que as autoridades bielorrussas dizem ter-se confessado culpado, acabou por ser transferido para prisão domiciliária, onde se manteve a aguardar o julgamento agora iniciado.
A namorada, Sofia Sapega, de 24 anos, foi entretanto condenada em maio do ano passado a seis anos de prisão, por apelar à violência e recolha ilegal de dados pessoais de um indivíduo não identificado pela justiça bielorrussa.
Pratasevich e os outros dois fundadores do portal NEXTA arriscam penas até 15 anos de prisão devido ao alegado envolvimento na promoção dos protestos espoletados após a eleição de Lukashenko em agosto de 2020 para um novo mandato de cinco anos como Presidente da Bielorrússia, onde se mantém desde a revisão constitucional de 1994 após a dissolução da União Soviética.