Agronegócio com Meyb Seixas
Mulheres do agro, um breve relato sobre sua participação no meio rural
Olá amigos leitores, quem vos fala é uma mulher do agro, no qual tem uma íntima e longa caminhada por este universo e já presenciou muita gente apaixonada e envolvida neste segmento que só cresce e tem um papel fundamental na sociedade, afinal, gera alimento para a população. E neste mês que comemora-se o dia alusivo as mulheres, vale ressaltar a sua presença neste universo predominantemente masculino, no qual a participação é cada vez mais presente em diversos segmento do agro.
Durante a caminhada, depara-se com um universo de personalidades atuantes no setor primário, sendo cada uma delas, desempenhando funções diversas simultaneamente.
Dentre as diversas funções, é notório que o papel de esposa, administradora do lar e mãe, estão sempre presentes e predominantes, mas vale ressaltar que a mulher também desempenha o papel de forma brilhante como agricultora, pecuarista, granjeira, profissional das agrárias como veterinária, agrônoma, zootecnista (meu caso), trabalhadora rural, presidente de organização social, empreendedora, administradora, extrativista, pescadora, artesã, pesquisadora, professora, gestora pública ou privada (meu caso também), além de estudante e política.
Na condição de Diretora do Departamento de Agricultura, convivo com diversas lideranças comunitárias, lideranças que representa diversas comunidades rurais e muito orgulha a classe feminina, uma vez que seu papel exercido na sociedade no que se refere ao fortalecimento das organizações sociais, executam sua liderança com posicionamentos, organização e respeito sobre seus comunitários. Sabe aquele zelo que a mulher tem por sua casa e sua família? Então, é com este cuidado que ela se coloca na execução de suas ocupações e muitas vezes, deixam em segundo plano sua família em prol da comunidade lutando como uma verdadeira leoa por suas demandas. Porém vale ressaltar que, nesta luta, ha sacrifícios que muitas vezes são incompreendidos em seus lares por seus companheiros, algumas até desistem, outras renascem como fênix e conseguem um consenso e administram os dois espaços.
E pensam que parou por aqui, vamos às mulheres do agro que são profissionais das agrárias, no qual muitas vezes precisam viajar e deixar seus lares, se posicionar frente a um público predominantemente masculino e precisam ser ouvidos, sim amigos, ainda há momentos em que ser mulher não e fácil ser ouvida, principalmente quando se tem que implementar alguma técnica que interfira no modo tradicional de trabalho. Isto se estende as gestoras, pesquisadoras, políticas. Contudo, aquele tal famoso “jeitinho feminino” de ser cuidadosa, atenciosa, com capacidade de executar múltiplas ações ao mesmo tempo além de ter sororidade, são comportamentos que a diferencia no mercado de trabalho e, desta forma, assim como uma mãe consegue dialogar com um filho e organizar seu lar, as mulheres vão conseguindo seus espaços nos mais diversos setores com seu “toque” e dando voz a milhares de outras mulheres que ainda precisam ser encorajadas sobre sua capacidade de ser, de existir de executar, de criar, de descobrir e de implementar qualquer que seja a atividade que sejam demandadas.
É importante considerar que toda esta participação é uma crescente ao longo dos anos, conforme dados da Fundação Getúlio Vargas de 2018, as mulheres ocupam 34% dos cargos gerenciais no agronegócio brasileiro, sendo quase 1milhão de mulheres que gerenciam propriedades rurais em todo país, cuja maior concentração está na região norte, conforme aponta pesquisa do IBGE de 2017, um crescimento em torno de 10% na última década. Outro dado importante à considerar, é o papel da mulher na força de trabalho feminino no mundo, no qual representa 43%, segundo dados da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO).
Outro ponto relevante, é o papel delas na alimentação familiar e social, na transformação do alimento, no qual muitas vezes são modos de preparo trazidos de seus ancestrais e que são repassados de geração em geração o que levam a estudos e pesquisas geradoras de produtos com valor agregado no mercado, além destes processos produtivos gerar segurança nutricional para famílias de baixa renda seja no campo ou na cidade, através dos programas socioassitenciais, cuja origem dos alimentos são da agricultura familiar, onde muitas mulheres tem seu papel de produtoras, ou apoiadoras de seus esposos no processo produtivo como força de trabalho familiar.
Desta forma, é importante frisar ainda, que em qualquer posição que a mulher se encontra, em sua maioria, elas possuem jornada tripla de trabalho, ainda possuem remuneração inferior em sua maioria e são as que mais apresentam problemas nutricionais, psicológicos e de saúde física em geral. Sendo assim, nos remete a refletir o quanto o espaço feminino cresceu, mas ainda necessita ser apoiado e amparado para que cada vez mais mulheres conquistem seus espaços e contribua para um ambiente plenamente desenvolvido e sustentável com um toque feminino.