Economia
P62 » ABBC diz que redução no teto do consignado INSS prejudica bancos de menor porte
A Associação Brasileira de Bancos (ABBC) afirma que as reduções do teto dos juros do crédito consignado para aposentados e pensionistas do INSS feitas desde o ano passado geraram um desequilíbrio concorrencial, prejudicando os bancos de menor porte. De acordo com a entidade, com custo de captação mais elevado que o dos grandes bancos, essas instituições tiveram dificuldades para manter as concessões.
O teto que sempre teve como objetivo coibir abusos, resulta em forte desequilíbrio concorrencial no mercado, praticamente alijando instituições financeiras da atuação na modalidade, ferindo a liberdade econômica, sem a devida análise do impacto regulatório previsto na lei, demonstrando um verdadeiro abuso do poder de regular, afirma a entidade.
Desde o ano passado, o Ministério da Previdência, responsável pelo regular o consignado do INSS, tem reduzido o teto de juros da modalidade sob o argumento de que a queda da Selic permite reduzir os juros. Os bancos argumentam que esse movimento desconsidera a natureza do produto, que tem prazo longo, e para que isso seja feito captações de mercado com prazo médio de dois anos.
A última redução do teto foi no mês passado, para 1,68% ao mês. Em entrevista ao Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) nesta semana, o ministro da Previdência, Carlos Lupi, disse que é impossível aumentar os juros da modalidade, e que eles devem continuar caindo junto com a Selic, ainda que de modo mais lento, diante da desaceleração do ritmo de cortes dos juros básicos.
A ABBC afirma que os bancos estão operando sem limite de rentabilidade do consignado e que o mercado está próximo ao cenário de março do ano passado, quando o primeiro corte no teto levou praticamente todos os bancos, inclusive os públicos, a suspender a oferta do produto .
Fontes do mercado afirmam que para os bancos médios, os custos de captação da ordem de 120% do CDI, o que torna a operação do consignado INSS sob o teto anual muito próximo da margem negativa. Tanto os bancos médios quanto as instituições de maior porte, reunidas na Federação Brasileira de Bancos (Febraban), têm atribuído queda do teto a redução das concessões do produto, que chegou a 24,7% no ano passado em relação a 2022.
Para a ABBC, as novas condições de operação têm sido feitas com que o consignado se concentre em clientes que já tiveram acesso ao crédito, através da portabilidade e de operações de refinanciamento. Os novos empresários caram de 50% para 30% do total contratado entre 2022 e 2023. Entre janeiro e março de 2023 e o mesmo período deste ano, a queda foi de 15% nas novas operações.
Procurado, o Ministério da Previdência ainda não se manifestou.
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