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França traz 51 cidadãos para casa de campos do EI na Síria
PARIS — As autoridades francesas repatriaram na terça-feira 51 mulheres e crianças das antigas áreas controladas pelo Estado Islâmico na Síria, de acordo com um comunicado da promotoria nacional de contraterrorismo.
É o maior retorno de mulheres e crianças à França de campos no nordeste da Síria desde a derrota territorial do Estado Islâmico em março de 2019. A França viu mais cidadãos partir para se juntar ao grupo do que qualquer outro país da Europa.
O grupo desta terça-feira era composto por 16 mulheres, com idades entre 22 e 39 anos, e 35 menores, sete dos quais chegam à França desacompanhados de adultos. Todas as mulheres do grupo, exceto duas, são cidadãs francesas. Doze mulheres retornaram com seus filhos e quatro das mulheres já haviam concordado com o retorno de seus filhos, de acordo com a declaração do promotor.
Oito mulheres foram detidas para interrogatório e as outras oito foram detidas com mandados de prisão. As crianças foram colocadas sob os cuidados dos serviços de proteção infantil ligados ao Tribunal Judicial de Versalhes.
Um dos 35 menores está sob custódia policial por suspeita de participação em atividades de um empreendimento criminoso terrorista, de acordo com o comunicado do promotor. O menor completará 18 anos em breve, disse o comunicado.
Muitos países europeus demoraram a permitir o retorno de mulheres e crianças por medo de que se voltassem violentamente contra suas terras natais. A França, que viu mais cidadãos se juntarem ao EI na Síria do que qualquer outro país europeu e sofreu vários ataques mortais a partir de 2015, tem sido especialmente relutante.
As autoridades francesas insistiram que os adultos, homens e mulheres, que lutaram com o EI deveriam ser processados no país onde cometeram crimes. As autoridades também insistiram em trazer de volta os cidadãos e seus filhos caso a caso, um procedimento longo e complicado que tem sido repetidamente criticado por grupos de direitos humanos.
Em dezembro, uma francesa de 28 anos com diabetes morreu no campo de Roj, na Síria, deixando sua filha de 6 anos órfã, segundo o advogado da família, que pedia seu retorno desde 2019.
A menina órfã estava no grupo de crianças repatriadas na terça-feira, de acordo com um comunicado do United Families Collective, um grupo de famílias que faz campanha pelo repatriamento de mulheres e crianças detidas nos campos controlados pelos curdos na Síria e no Iraque.
O Coletivo das Famílias Unidas elogiou o esforço de repatriação do governo e instou as autoridades francesas a continuar trazendo para casa crianças e mães presas em condições de vida “desumanas” e “degradantes” nos campos de detenção.
O coletivo disse que ainda havia 150 crianças francesas e suas mães presas no campo de Roj.
“A França deve repatriá-los o mais rápido possível (…) e encerrar este capítulo vergonhoso da nossa história sem demora”, disse o comunicado do grupo.