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"O MPLA não ganhou as eleições do dia 24 de agosto", afirma líder da UNITA
O líder da UNITA (União Nacional para a Independência Total de Angola) fez declaração ao início da noite desta sexta-feira, rejeitando os resultados provisórios da Comissão Nacional Eleitoral, os últimos revelados já com 97,03% dos votos contados.
Adalberto Costa Júnior referiu diversos exemplos e afirmou que o anúncio de vitória do MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola) não é correto perante os dados das “atas síntese” de que o partido dispõe.
“O MPLA não ganhou as eleições do dia 24 de agosto. A UNITA não reconhece os resultados provisórios da Comissão Nacional Eleitoral”, afirmou Adalberto Costa Júnior.
A declaração foi feita horas depois de se saber quer a CNE tinha rejeitado uma queixa da UNITA sobre a divulgação dos resultados porque “o requerimento foi apresentado de forma irregular” e a “fundamentação jurídica não estava de acordo com o que a lei estabelece”, explicou o porta-voz da CNE, Lucas Quilundo, no final de uma reunião plenária extraordinária.
Segundo o porta-voz da CNE, o requerimento contém “uma confusão”, pois a reclamação da UNITA tem que ver com a ata das mesas de voto, e não com a divulgação dos resultados provisórios.
Por isso, o plenário “deliberou por unanimidade pelo indeferimento liminar deste requerimento”.
A declaração do líder da UNITA vem agora provocar alguma ansiedade em torno das eleições angolanas, nas quais o MPLA foi dado como vencedor virtual, somando 51,7% e 124 deputados, contra 44% e 90 deputados da UNITA, com pouco mais de 2% dos votos por contar.
O MPLA manteve-se em silêncio e a única manifestação foi a publicação de um vídeo nas redes sociais a agradecer a quem votou no partido liderado por João Lourenço.
Já o terceiro partido nas eleições de 2017, a coligação CASA-CE, que de acordo com os últimos resultados provisórios ainda não tinha alcançado sequer um deputado, anunciou a intenção de interpor recurso junto do Tribunal Constitucional (TC) para impugnar os resultados das eleições, considerando-os “de longe fraudulentos” e “gravemente” lesivos da “verdade eleitoral”, lê-se numa nota do partido.
“Os resultados provisórios das eleições gerais de 24 de agosto divulgados pela Comissão Nacional Eleitoral (CNE) são de longe fraudulentos e ferem gravemente a verdade eleitoral”, acusa a nota do colégio presidencial da Convergência Ampla de Salvação de Angola-Coligação Eleitoral (CASA-CE), liderada por Manuel Fernandes, citado pela LUSA.
A poucas horas de viajar de Lisboa para Luanda, o Presidente de Portugal, Marcelo rebelo de Sousa, imiscui-se de tecer comentários sobre as eleições em Angola.
“Eu, certamente, em Angola, terei a oportunidade de falar com protagonistas da situação política angolana”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa que, esta noite, viajará para aquele país para participar no funeral do antigo presidente José Eduardo dos Santos, previsto para domingo.