Atualidades com Marcello Amorim
A juventude contemporânea e a inversão de valores
Atualmente a sociedade vive uma grande inversão de valores, ou seja, uma transformação de não sabermos o que é certo ou errado, positivo ou negativo, moral ou imoral. As pessoas não mais reconhecem seus princípios, crenças e valores dentro de si.
A inversão de valores tem tomado conta da sociedade hodierna. Pense comigo sobre a polêmica do momento, o Festival Lollapalooza.
Pense comigo, foram três dias, cerca de 300 mil pessoas, foram ainda 4 palcos e mais de 70 atrações de todo o mundo que fizeram parte do fim de semana, onde além de cantarem, gritarem, pularem e invocarem com histerias suas maiores extravagâncias e veleidades, tudo isso, com patrocínio recorde de marcas como Doritos, Budweiser e Adidas. Por onde se andava no Autódromo de Interlagos, em São Paulo, ações de marketing e a exposição de logos eram parte do próprio Lollapalooza. Chevrolet e Vivo também fizeram parte do grupo chamado de patrocínio master.
Acreditem, não somente ideólogos, mas empresas investem em levar o maior número possível de jovens para um ‘abismo cultural’. Pelo menos 18,7% das imagens compartilhadas durante o Lollapalooza mostram marcas patrocinadoras.
Dados como das empresas empresas Elife e a SA365 foram obtidos através de uma metodologia de inteligência artificial, com a ferramenta Brand Logo Detection, que analisou, pasmem, quase 28,3 mil fotografias publicadas no Instagram entre os dias 25 e 27 de março para descobrir as marcas mais presentes e os estilos usados pelos frequentadores do festival.
A marca mais presente nas fotos foi a Doritos, que foi patrocinadora master, com 9,1% das aparições. Em segundo lugar, vem o canal Multishow, que teve sua marca exposta em 3,1% das marcas. Depois do Multishow, quem apareceu em terceiro lugar foi a Budweiser, com 2%. Em quarto, foi a Adidas, com 1,5%.
A organização do Lolla não revelou valores sobre a soma do patrocínio, mas apenas citou que eles superaram o ano de 2019, que era o recorde anterior.
O que mais impressiona disso tudo, é que vivemos em um país onde muitas pessoas raciocinam de maneira incivil e fúfio, onde criticam a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) pelo preço do gás de cozinha, mas pagam ingressos de R$ 750 para meia-entrada, R$ 850 para entrada social e R$ 1.500 de inteira, dos shows daqueles que eles chamam de ídolos, heróis e ‘artistas’.
A inépcia e a falta de percepção é tão deprimente, que as mentes desses jovens estão cauterizadas, onde a maioria chegam atrasados no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que lhes darão a oportunidade como mecanismo de acesso à educação superior, tanto para acesso também ao Sistema de Seleção Unificada (Sisu) e ao Programa Universidade para Todos (ProUni), além dos participantes poderem pleitear financiamento estudantil em programas do governo, como o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies); mas no Lollapalooza, dormem dias nas filas de espera.
Tudo isso nos mostra que precisamos levar nossos jovens a refletirem, aprenderem a ponderarem, raciocinarem mediante a realidade atual e assim aprofundarem seu encadeamento crítico.
Aliás, precisamos aprender a amar a família, as crianças, aos filhos, aos pais; a agradecer aqueles que nos transmitem conhecimentos, a respeitar ao próximo e ao adversário, valorizar tudo aquilo que nos serve e sermos melhores como pessoas.
Assim voltaremos aos nossos valores, desencarceraremos nossos jovens.