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A tragédia de Ischia lança polémica em Itália
Luto, consternação e muitas questões sem resposta após o deslizamento de terra que deixou pelo menos 8 mortos e quatro desaparecidos na ilha italiana de Ischia, no sábado. Entre os mortos há duas crianças e um recém-nascido.
Cinco pessoas ficaram feridas e 230 desalojadas.
O governo decretou o estado de emergência na ilha e, enquanto as equipas de resgate trabalharam todo o fim de semana à procura de sobreviventes, a Itália lançou de novo o debate sobre a amnistia para a demolição de casas construídas em zonas perigosas.
Quase metade dos proprietários das casas de Ischia tinham pedido amnistia nos últimos anos para evitar a demolição.
As cerca de trinta casas soterradas pela lama foram construídas no meio de uma descida natural da água da montanha.
Para além de ser um país sísmico, a Itália tem a maioria do território em zonas de risco hidrogeológico, devido à localização entre os Alpes e os Apeninos
Apesar do risco, desde 1985 houve três amnistias à demolição das casas.
Na madrugada de sábado, as chuvas torrenciais que caíram sobre a ilha de Ischia, frente ao Golfo de Nápoles, provocaram derrocadas de terra e lamas que afetaram especialmente as zonas altas da localidade de Casamicciola.
No centro do debate está, desde o fim de semana, uma lei aprovada em 2018 pelo governo do Movimento Cinco Estrelas, de Giuseppe Conte e da Liga de Matteo Salvini para reconstruir a ponte de Génova e que incluía normas para a reabilitação de algumas casas de Ischia destruídas pelo sismo de agosto de 2017.
O artigo 25 desta lei oferecia dinheiro público para reconstruir as casas arrasadas pelo terramoto, incluindo as ilegais, que tinham sido legalizadas nas três amnistias precedentes: 1985, 1994 e 2003.