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Acordo entre militares e civis para a transição política no Sudão
Os generais no poder no Sudão e o principal grupo pró-democracia assinaram, esta segunda-feira, um acordo-quadro para tentar resolver a crise que o país atravessa e conduzi-lo a eleições daqui a dois anos.
O acordo é o primeiro passo de um processo em duas fases, mas não foi assinado pelas principais forças políticas dissidentes.
O documento, assinado na presença de representantes da ONU e da União Africana, estabelece as regras para a formação de um governo civil e a criação de instituições legislativas, executivas e judiciais que governem o país no período de transição.
A rede popular pró-democracia do Sudão, conhecida como os Comités da Resistência, que se tem recusado continuamente a negociar com os generais no poder, boicotou o acordo. Vários antigos líderes rebeldes, que formaram o seu próprio bloco político, também rejeitaram o acordo.
O projeto prevê que os militares do Sudão acabem por se afastar da política e estipula que as “forças revolucionárias” que assinaram o acordo decidirão sobre um novo primeiro-ministro para supervisionar uma transição de dois anos, um período de 24 meses que começa após a nomeação de um primeiro-ministro.
Em resposta à assinatura, os líderes dos Comités de Resistência apelaram à realização de manifestações contra o acordo.
O Sudão tem estado em tumulto desde que o general Burhan organizou o golpe de Estado de outubro de 2021, que acabou com a anterior transição democrática do país após três décadas de governo autocrático do presidente Omar al-Bashir. O antigo líder foi derrubado em abril de 2019, na sequência de uma revolta popular.
A assinatura do documento ocorreu após meses de negociações entre os militares e as Forças para a Declaração de Liberdade e Mudança, facilitado por uma equipa de mediação em quatro partes, incluindo os Estados Unidos, os Emiratos Árabes Unidos, a Arábia Saudita, e a Grã-Bretanha.
Esoera-se com este acordo obter uma nova ajuda internacional, depois de os fundos dos doadores terem secado em resposta ao golpe.
Nos últimos meses, a escassez de pão e de combustível, causada em parte pela guerra na Ucrânia, tornou-se rotina no Sudão.