Mundo
Autoridade dos EUA pede ‘diminuição da escalada’ após ataque da Turquia à Síria
BEIRUTE — Uma autoridade dos EUA na Síria pediu na sexta-feira uma “diminuição imediata” após dias de ataques aéreos mortais e bombardeios ao longo da fronteira Síria-Turquia, dizendo que as ações desestabilizam a região e prejudicam a luta contra o grupo Estado Islâmico.
A Turquia lançou esta semana uma onda de ataques aéreos contra supostos rebeldes curdos escondidos nos vizinhos Síria e Iraque, em retaliação por um atentado mortal em Istambul em 13 de novembro, que Ancara atribui aos grupos curdos.
Os grupos negaram envolvimento no atentado e dizem que os ataques turcos mataram civis e ameaçaram a luta anti-EI.
O Observatório Sírio para os Direitos Humanos, com sede na Grã-Bretanha, um monitor de guerra da oposição, disse que 67 civis, homens armados e soldados, foram mortos em ataques turcos no norte da Síria desde que os ataques aéreos começaram.
Nikolas Granger, representante sênior dos EUA no nordeste da Síria, disse que Washington “se opõe fortemente à ação militar que desestabiliza ainda mais a vida das comunidades e famílias na Síria e queremos uma desescalada imediata”.
Os desenvolvimentos são “inaceitavelmente perigosos e estamos profundamente preocupados”, disse Granger, que atualmente está na Síria, e acrescentou que os ataques também colocam em risco o pessoal militar dos EUA lá.
O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, ameaçou uma nova invasão de terras no norte da Síria visando grupos curdos. Na sexta-feira, ele disse que a Turquia continuaria sua “luta contra todos os tipos de terror dentro e fora de nossas fronteiras”.
A Turquia e os Estados Unidos consideram o proscrito Partido dos Trabalhadores do Curdistão, ou PKK, um grupo terrorista pela insurgência e ataques de décadas que o grupo realizou dentro das fronteiras da Turquia.
Mas eles discordam sobre o status da principal milícia curda na Síria, as Unidades de Proteção do Povo, ou YPG. O grupo curdo sírio tem sido um importante aliado dos EUA na luta contra o Estado Islâmico.
A Turquia realizou três grandes incursões no norte da Síria desde 2016 e suas forças ainda controlam parte do país.
Autoridades curdas na Síria têm alertado que qualquer nova incursão turca interromperia a luta contra o Estado Islâmico, que ainda tem células adormecidas e realizou ataques mortais nos últimos meses contra as forças de oposição lideradas pelos curdos sírios, bem como contra as forças do governo sírio.
“Levamos essas ameaças a sério e nos preparamos para enfrentar qualquer ataque terrestre”, disse Siamand Ali, porta-voz das Forças Democráticas Sírias lideradas pelos curdos, à Associated Press.
———
Os escritores da Associated Press Suzan Fraser em Ancara, Turquia, e Hogir Al Abdo em Qamishli, Síria, contribuíram para este relatório.