Política
Campanha de Lula vê acerto em discussão sobre economia na reta final e se diz otimista com resultado das eleições
Aliados do ex-presidente ouvidos pelo site da Jovem Pan dizem que debate sobre salário mínimo escanteou pauta de costumes e deu fôlego ao petista entre eleitor mais pobre
RAFAEL VIEIRA/AGIF – AGÊNCIA DE FOTOGRAFIA/ESTADÃO CONTEÚDO
Ex-presidente Lula disputa o segundo turno da eleição presidencial com Jair Bolsonaro, no domingo, 30
A dois dias da eleição presidencial, a campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comemora o cenário apontado pelas pesquisas de intenção de voto e celebra o fato de ter conseguido, na visão do comitê petista, se afastar do debate sobre a chamada pauta de costumes e centralizar a discussão, na última semana do pleito, no tema econômico. Membros do QG do PT ouvidos pelo site da Jovem Pan dizem ter sido “um acerto” explorar o plano do ministro da Economia, Paulo Guedes, de desindexar o salário mínimo, o que permitiria, por exemplo, reajustes abaixo da inflação – este cenário é rechaçado pelo Palácio do Planalto. Na avaliação de aliados de Lula, o vazamento do estudo feito pelo Ministério da Economia foi um dos fatores que contribuiu para o crescimento do ex-presidente entre os mais pobres. Entre os eleitores que recebem até dois salários mínimos, maioria do eleitorado (48%), o candidato do PT abriu uma vantagem de 28 pontos em relação ao presidente Jair Bolsonaro (PL), segundo pesquisa Datafolha divulgada na noite da quinta-feira, 27. Em uma semana, a distância cresceu oito pontos, aponta o instituto.
“Foi um acerto [explorar a questão do salário mínimo]. Nosso foco prossegue na pauta do povo: social e econômica”, disse ao site da Jovem Pan o ex-governador do Piauí e senador eleito Wellington Dias, um dos coordenadores da campanha de Lula. Nas redes sociais, aliados do ex-presidente também têm explorado planos e declarações do ministro Paulo Guedes. “Garanto que ele não se integrou à campanha Lula, embora pareça. Depois do plano de cortar aumentos de salário mínimo e de aposentadorias, agora essa confissão de roubo de dinheiro público”, escreveu em seu perfil do Twitter o ex-governador do Maranhão Flávio Dino (PSB-MA), que também se elegeu para o Senado. O pessebista fez alusão a uma declaração do chefe da Economia em um evento da Associação Comercial de São Paulo (ACSP). O ministro foi questionado sobre a promessa de Bolsonaro de isentar do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF) quem recebe até R$ 6 mil , contra os R$ 5 mil prometidos por seu adversário. “Eu, se fosse o Bolsonaro, diria: tudo o que o Lula fizer, eu faço mais. Por quê? Porque nós roubamos menos”, respondeu. Paulo Guedes se corrigiu na sequência: “Nós não roubamos”. A fala, no entanto, tem sido explorada nas redes sociais nas últimas horas.
Na avaliação do entorno de Lula, um indício de que a campanha de Bolsonaro percebeu o desgaste causado pelas ideias vazadas do Ministério da Economia, foi a série de vídeos “Paulo Guedes responde”, disparados na tarde da quinta-feira, 28, por aliados do atual presidente da República. Em uma das gravações, Guedes diz que é “mentira” que o governo Bolsonaro irá reduzir o salário mínimo. “É mentira. Estão querendo roubar votos. Roubar a esperança do trabalhador e dos aposentados brasileiros. Durante a pandemia, nós corrigimos, aumentamos o salário mínimos, aposentadorias e benefícios. Agora que a pandemia foi embora, os aumentos vão ser acima da inflação”, diz o ministro.
Salário mínimo: Paulo Guedes responde o povo e desfaz fake news.
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— Eduardo Bolsonaro 22.22🇧🇷 (@BolsonaroSP) October 27, 2022