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Atualidades com Marcello Amorim

Cristãos e Política: Uma Perspectiva Teológica sobre Governança

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Cristãos e Política: Uma Perspectiva Teológica sobre Governança

“E o governo está sobre os seus ombros.” – Isaías 9:6

“É por isso também que vocês pagam imposto, pois as autoridades estão a serviço de Deus, sempre dedicadas a esse trabalho.” – Romanos 13:6

Nos últimos tempos, tem-se observado um desinteresse crescente entre os cristãos em se envolverem na política, seja como eleitores ou candidatos. Essa tendência é preocupante, pois contrasta com a visão bíblica de governança e o papel dos cristãos no mundo. Este artigo visa explorar as razões por trás dessa apatia política e oferecer uma perspectiva teológica sobre a importância da participação cristã no governo.

A Bíblia apresenta numerosos exemplos de envolvimento de seus seguidores na política. Livros como Josué, Juízes, I e II Samuel, I e II Reis, e I e II Crônicas relatam a atuação dos líderes políticos de Israel, documentando suas ações e as consequências para a nação. Neemias, Ester e Daniel são exemplos de indivíduos que serviram fielmente a Deus em contextos políticos adversos, demonstrando que é possível ser íntegro e influente mesmo em governos pagãos.

Deuteronômio 1:9-18 nos fornece instruções claras sobre a estrutura e as funções do governo. Este texto destaca a necessidade de liderança sábia e justa, escolhida para servir ao povo com integridade. No Novo Testamento, Paulo reforça essa ideia em Romanos 13, reconhecendo as autoridades como servas de Deus para o bem da sociedade.

Há diversas razões pelas quais os cristãos têm se afastado da política. Entre elas, a percepção do governo como um ambiente corrupto e manipulador. Muitos líderes religiosos têm afirmado que é impossível participar da política sem comprometer a fé, o que tem levado alguns a verem o voto e a participação política como atividades seculares e indignas do envolvimento cristão.

A história da Namíbia e da África do Sul ilustra as consequências dessa apatia. Na Namíbia, um governo comunista foi eleito em um país majoritariamente com 85% de cristãos, mas a falta de resposta dos líderes eclesiásticos a um convite para ensinar princípios bíblicos de governança resultou em uma oportunidade perdida. Na África do Sul, o partido no poder, que se declara majoritariamente cristão – com 70% -, enfrenta dificuldades em parte devido a uma teologia que desencoraja a participação social e política.

Nos Estados Unidos, menos de 50% dos cidadãos votam, e apenas 25% dos cristãos exercem esse direito. Este desengajamento está em desacordo com a reverência que Paulo, o apóstolo, conferia aos que trabalham no governo e a compreensão de Jesus sobre a função do governo no Reino de Deus.

A governança, conforme delineada na Bíblia, envolve funções legislativas, executivas, judiciais e militares. Os cristãos são chamados a influenciar essas áreas com os valores do Reino de Deus. Portanto, é imperativo que superemos a divisão entre o secular e o sagrado, reconhecendo que o envolvimento político é uma extensão de nossa fé.

Jesus, o Rei dos Reis, nos deixou um exemplo de como devemos interagir com as estruturas de poder, sempre com uma mensagem de salvação e justiça política.

Como seguidores de Cristo, temos a responsabilidade de participar ativamente na construção de uma sociedade mais justa e alinhada com os princípios divinos.

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