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Atualidades com Marcello Amorim

Elos de uma guerra: Entendendo como a crise da Rússia e Ucrânia se evoluiu (1)

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Elos de uma guerra: Entendendo como a crise da Rússia e Ucrânia se evoluiu (1)

O que significa para nós tratarmos sobre uma guerra? Dialogar sobre um evento cruel que está acontecendo cerca de 10.348 km de Manaus|local de onde escrevo este artigo hoje , e que aparentemente não tem nada a ver conosco, como a da Rússia e Ucrânia? É difícil falar de guerras, escrever sobre o tema sem poder fazer uma reflexão filosófica e objetiva:|O que é guerra?

O estrategista Carl von Clausewitz, nascido em Burg (1780), na Alemanha, que foi um militar do Reino da Prússia que ocupou o posto de general e é considerado um grande estrategista militar e teórico da guerra por sua obra ‘Da Guerra’, definiu a guerra como a “continuação da política por outros meios”. Embora isto seja em geral correto, diz-nos muito pouco sobre a natureza da guerra. Alguém que soubesse apenas isto, nunca poderia ter qualquer ideia de que a guerra é, por exemplo, um conflito armado.

Nós brasileiros, amazonidas que tem o privilégio de viver há mais de meio século sem guerras militares, nos perguntamos: – Podem as guerras ser morais?


Ora, a história mostra que a guerra faz parte da vida humana desde tempos imemoriais, apesar do enorme cortejo de sofrimento e miséria e do elevado preço, em mortos, feridos, mutilados, desalojados, e até mesmo refugiados, que, inalteravelmente arrasta consigo. Embora isso possa desagradar-nos, é possível, como alguns autores sugerem, que a guerra seja inerente à natureza humana e que, apesar dos esforços recentes da comunidade internacional, por meio, por exemplo, da Carta das Nações Unidas, para a limitar — e até erradicar —, ela continue a existir ainda por muito tempo.

Entendemos então, que devido ao seu carácter violento e aos enormes efeitos na vida das pessoas e das sociedades, a guerra é uma fonte óbvia de questões de natureza moral. A mais importante dessas questões é a de saber se a guerra pode em alguma circunstância ter causa, justificação ou se, pelo contrário, é sempre incorreta, equivocada, falha, cincada, desacertada, claudicada, suja, desprezível, condenável, reprovável, desleal, vil, desonesta e inescrupulosa.
Vladimir Vladimirovitch Putin, atual presidente da Rússia, mostra a todo planeta porque é protagonista principal desta estupida guerra travada com a Ucrânia, descortinando sua teoria da ‘guerra justa’.

Não podemos esquecer que além de ter servido como ex-agente da KGB|sigla em russo de Komitet Gosudarstvennoi Bezopasnosti cujo significado em português é Comité de Segurança do Estado. Ela foi a principal organização de serviços secretos da União Soviética que desempenhou as suas funções entre 13 de março de 1954 e 6 de novembro de 1991 , onde Putin exerceu também a função de chefe dos serviços secretos soviético e russo, como também no FSB (Serviço Federal de Segurança).

Pois bem, após uma semana depois da maior mobilização militar na Europa desde a Segunda Guerra Mundial, precisamos entender como isso aconteceu e o que está em jogo para a Rússia, os Estados Unidos (EUA) e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), que tem o principal objetivo de gerar a segurança e a defesa de seus países-membros. A Otan é uma aliança político-militar criada no dia 4 de abril de 1949, durante a Guerra Fria. Inicialmente, o bloco reunia 12 países ocidentais e capitalistas, liderados pelos Estados Unidos. O objetivo era inibir o avanço do bloco socialista no continente europeu, fazendo frente à União Soviética e seus aliados da Europa oriental e fornecer ajuda mútua a todos os países membros.

Trazemos essas explicações todas para que o leitor desta coluna entenda que nos dias que antecederam a invasão, mesmo quando as forças russas chegaram a uma força estimada de 190 mil soldados, e mesmo quando os Estados Unidos alertaram em tons cada vez mais terríveis que um ataque militar parecia inevitável, Vladimir Putin estava afirmando que estava aberto à diplomacia e os líderes europeus estavam trabalhando desesperadamente para persuadir o Kremlin a se retirar. Mas, na última quinta-feira, dia 24 de fevereiro, o presidente russo, dirigindo-se à sua nação, declarou o início de uma “operação militar especial” na Ucrânia.
Agora, a maior mobilização de forças que a Europa viu desde 1945 está em andamento, com soldados ucranianos e combatentes civis da resistência lutando para impedir um ataque russo em várias frentes.

Na segunda-feira, começaram as negociações entre as delegações russa e ucraniana na Bielorrússia, uma aliada próxima de Moscou, mas houve mais movimentação no campo de batalha do que na mesa de negociações.

Um comboio russo de 27 quilômetros de comprimento foi relatado a caminho da capital, Kiev, capital da Ucrânia, dividida pelo rio Dnieper e conhecida pela sua arquitetura religiosa, pelos monumentos seculares e museus de história. E em uma escalada assustadora, uma enxurrada de foguetes russos atingiu um bairro residencial na segunda maior cidade da Ucrânia, Kharkiv, com registro populacional de cerca de 1.433.886, onde pelo menos nove civis foram mortos e dezenas ficaram feridos.

Observadores externos especularam que o presidente russo, frustrado com o avanço surpreendentemente lento de suas forças|que superam em muito as da Ucrânia, mas enfrentaram forte resistência de soldados e civis ucranianos|pode ter ficado impaciente e decidido apertar os parafusos. Isso poderia sinalizar mais baixas civis à frente, disseram eles.
O número de refugiados que fugiram do país ultrapassou meio milhão. E Putin parece decidido a capturar a capital ucraniana, Kiev, derrubar o governo democraticamente eleito da Ucrânia e incluir o país na órbita da Rússia.

Por isso, a invasão ameaça desestabilizar a já volátil região pós-soviética, com sérias consequências para a estrutura de segurança que governa a Europa desde a década de 1990. O Sr. Putin há muito lamenta a perda da Ucrânia e de outras repúblicas quando a União Soviética se separou. Agora, diminuir a OTAN, a aliança militar que ajudou a manter os soviéticos sob controle, pode ser sua verdadeira missão. Antes de invadir, a Rússia fez uma lista de demandas de longo alcance para remodelar essa estrutura|posições que a OTAN e os Estados Unidos rejeitaram.

Todos sabem que presidente russo Putin passou seus 22 anos no poder reconstruindo as forças armadas da Rússia e querendo reafirmar sua influência geopolítica. Ele chama a expansão da OTAN de ameaçadora e a perspectiva de a Ucrânia se juntar a ela uma grande ameaça ao seu país. À medida que a Rússia se tornou mais assertiva e mais forte militarmente, suas queixas sobre a OTAN tornaram-se mais estridentes. Ele invocou repetidamente o espectro dos mísseis balísticos americanos e das forças de combate na Ucrânia, embora autoridades dos EUA, da Ucrânia e da OTAN insistam que não há nenhum.

Putin também insistiu que a Ucrânia e a Bielorrússia são fundamentalmente partes da Rússia, cultural e historicamente. Ele tem uma influência considerável sobre a Bielorrússia, e as conversas sobre alguma forma de reunificação com a Rússia já duram anos.

Rematando, O que está por trás da crise na Ucrânia? Putin usou como justificativa para a invasão a necessidade de proteger as duas autoproclamadas repúblicas russas do Donbass (leste do país), que ele reconheceu como países na segunda (21).

Nossas preces é que isso se encerre antes que venhamos concluir esta jornada histórica sobre esses atuais fatos que nos ofendem, revoltam e indignam.
(Continua…)

Marcello Amorim