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Iranianos protestam na capital pela morte de mulher sob custódia
Dubai, Emirados Árabes Unidos — Os iranianos foram às ruas da capital nesta segunda-feira para protestar contra a morte de uma jovem que havia sido detida por violar o código de vestimenta conservador do país.
A agência de notícias semi-oficial Fars disse que estudantes de muitas universidades de Teerã se reuniram em protesto, exigindo uma investigação sobre a morte de Mahsa Amini e o desmantelamento da polícia moral, que a mantinha detida quando ela morreu.
Testemunhas disseram que os manifestantes invadiram a Keshavarz Boulevard, uma via central, gritando “Morte ao ditador”. Eles também gritaram contra a polícia e danificaram um veículo policial. As testemunhas falaram sob condição de anonimato por questões de segurança.
Na noite de segunda-feira, repórteres da Associated Press viram latas de lixo incendiadas e pedras espalhadas por alguns cruzamentos do centro da cidade enquanto o cheiro de gás lacrimogêneo pairava no ar. A polícia fechou estradas que levam à praça central Vali-e Asr. Forças de segurança à paisana e grupos de policiais de choque podiam ser vistos em toda a área, e o serviço de internet móvel estava inoperante no centro de Teerã.
Dezenas de manifestantes em motocicletas apareceram brevemente em alguns cruzamentos, onde derrubaram latas de lixo e gritaram contra as autoridades antes de acelerar.
Enquanto isso, vídeos que circulam nas mídias sociais mostram um terceiro dia de manifestações em cidades curdas no oeste do Irã, bem como na cidade de Rasht, no norte, e em uma universidade na cidade central de Isfahan. A Associated Press não pôde verificar de forma independente a autenticidade da filmagem.
A polícia moral deteve Amini, de 22 anos, na terça-feira passada por não cobrir o cabelo com o lenço islâmico, conhecido como hijab, obrigatório para as mulheres iranianas.
A polícia diz que ela morreu de ataque cardíaco e nega que tenha sido maltratada. Eles divulgaram imagens de vídeo em circuito fechado na semana passada, supostamente mostrando o momento em que ela desmaiou. Sua família diz que ela não tinha histórico de problemas cardíacos.
Amini, que era curda, foi enterrada no sábado em sua cidade natal de Saqez, no oeste do Irã. Os protestos eclodiram lá depois de seu funeral e a polícia disparou gás lacrimogêneo para dispersar os manifestantes no sábado e no domingo. Vários manifestantes foram presos.
O presidente do Irã, Ebrahim Raisi, que partiu para Nova York na segunda-feira para discursar na Assembleia Geral da ONU, ordenou uma investigação e prometeu prosseguir com o caso em um telefonema com a família de Amini. O judiciário lançou uma investigação, e uma comissão parlamentar também está investigando o incidente.
O hijab é obrigatório para as mulheres no Irã desde a Revolução Islâmica de 1979 e a polícia da moralidade é encarregada de fazer cumprir essa e outras restrições. A força tem sido criticada nos últimos anos, especialmente pelo tratamento dado às mulheres jovens.
Dezenas de mulheres retiraram seus véus em protesto em 2017. Os iranianos também saíram às ruas nos últimos anos em resposta a uma crise econômica exacerbada pelas sanções ocidentais ligadas ao programa nuclear do Irã.