Libra cai após chefe de banco do Reino Unido descartar estender ajuda

LONDRES — A libra afundou em relação ao dólar na quarta-feira, depois que o presidente do Banco da Inglaterra confirmou que o banco não estenderá um plano emergencial de compra de dívida introduzido no mês passado para estabilizar os mercados financeiros.

Andrew Bailey disse que o programa terminará na sexta-feira, conforme programado. A libra caiu quase 1% para pouco menos de US$ 1,10 depois que Bailey falou, antes de subir um pouco. Após o “mini-orçamento” do governo em setembro, a moeda atingiu uma baixa recorde de US$ 1,03.

“Minha mensagem para os fundos (de pensão) envolvidos – você tem três dias restantes agora. Você tem que fazer isso”, disse ele. “Parte da essência de uma intervenção de estabilidade financeira é que ela é claramente temporária.”

O banco central interveio depois que o governo britânico anunciou em 23 de setembro planos de 45 bilhões de libras (US$ 50 bilhões) em cortes de impostos sem dizer como pagaria por eles. O anúncio assustou os mercados financeiros e fez a libra cair para uma baixa recorde em relação ao dólar.

O Banco da Inglaterra interveio para sustentar o mercado de títulos e impedir uma crise econômica mais ampla que ameaçava particularmente os fundos de pensão.

Analistas dizem que os fundos de pensão pressionaram o banco central para estender o programa por duas semanas, mas Bailey manteve o cronograma em uma aparição na reunião anual do Instituto de Finanças Internacionais em Washington.

A turbulência do mercado causou dor para muitos britânicos – especialmente potenciais compradores de imóveis, que viram as taxas de hipoteca subirem com a crescente perspectiva de um grande aumento de juros do banco central quando se reunir no próximo mês.

Também exerceu intensa pressão política sobre o governo conservador da primeira-ministra Liz Truss, que assumiu o cargo no início de setembro com a promessa de impulsionar o crescimento por meio de cortes de impostos e desregulamentação.

Em um esforço para aliviar as preocupações, o chefe do Tesouro, Kwasi Kwarteng, disse na segunda-feira que divulgaria os planos fiscais detalhados do governo em 31 de outubro, três semanas antes do previsto.

Mas o governo ainda não detalhou como pagará por seus cortes de impostos, exceto para dizer que o crescimento econômico mais rápido aumentará a receita tributária. Economistas dizem que serão necessários cortes profundos nos gastos públicos. O independente Institute for Fiscal Studies diz que o governo pode ter que reduzir gastos em até 62 bilhões de libras por ano para atingir suas metas de controle da dívida pública.

Em mais más notícias financeiras, o Escritório de Estatísticas Nacionais disse na quarta-feira que a economia da Grã-Bretanha contraiu 0,3% no trimestre de agosto, com manufatura e serviços ao consumidor registrando quedas.

“A economia encolheu em agosto com a produção e os serviços caindo, e com uma pequena revisão para baixo no crescimento de julho, a economia contraiu nos últimos três meses como um todo”, disse o economista-chefe do escritório, Grant Fitzner.