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Longas listas de espera e detecção tardia: Como o COVID-19 ainda afeta o rastreio do cancro

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Longas listas de espera e detecção tardia: Como o COVID-19 ainda afeta o rastreio do cancro

Usar laços cor-de-rosa ao peito pelo cancro da mama, deixar crescer o bigode em Novembro – Movember –  pelos cancros testicular e da próstata, imagens chocantes nos maços de tabacos:  as campanhas de sensibilização diversificam-se e multiplicam-se por todo o mundo e não se esgotam no Dia Mundial de Luta Contra o Cancro, que se assinala este sábado.

O objetivo é simples: aumentar a detecção precoce do cancro.

“Quanto mais cedo o cancro for apanhado, mais fácil é o seu tratamento, e maiores são as hipóteses de a pessoa sobreviver à doença. A sobrevivência de 5 anos para o cancro da mama, por exemplo, é de 94% na fase I e apenas 19% na fase IV”, explicou Averil Power, o CEO da sociedade irlandesa do cancro.

Mas a pandemia de COVID-19 teve um enorme impacto na forma como as pessoas puderam ter acesso aos seus médicos de família, causando atrasos na resposta e listas de espera que podem ser fatais.

Por exemplo, um ano após a pandemia, houve menos um milhão de rastreios do cancro em Inglaterra em comparação com o ano anterior, de acordo com a Cancer Research UK. Os mesmos dados contam dez vezes mais pessoas que esperam meio ano ou mais só para fazer testes de diagnóstico.

Um em cada 10 cancros não foram detetados

O cenário tem sido relatado no resto da Europa. Segundo Averil Power, estima-se que “um em cada 10 cancros não tenham sido diagnosticados” durante o primeiro ano da pandemia na Irlanda.

Os profissionais de saúde dizem que as consequências têm sido devastadoras. No início deste mês, a sociedade irlandesa do cancro avisou que cerca de 14% dos doentes estão a ser diagnosticados nos serviços de urgência da Irlanda. Mais de 100.000 pacientes continuam a aguardar acima de três meses por exames vitais.

Durante o primeiro ano da pandemia, registou-se também uma queda no financiamento relacionado com o cancro. Entre 2020 e 2021, houve uma diminuição de 9% no montante do financiamento para a investigação do cancro em comparação com os dois anos anteriores, de acordo com o National Cancer Research Institute (Instituto Nacional de Investigação do Cancro) no Reino Unido.

E o grupo acrescentou que um dos sectores com maior impacto nesse número foi o da prevenção, com os pacientes com cancros da bexiga, do intestino delgado e neuroblastomas a sofrer o maior impacto.

Pede-se um aumento dos rastreios na infância

Alguns setores demográficos têm sido historicamente deixados para trás quando se trata de rastreios do cancro, independentemente da pandemia.

Segundo Paula Rodriguez, que trabalha com a Asociación Galbán, um grupo espanhol que apoia famílias com crianças com cancro, os médicos não fazem o rastreio do cancro assim que os jovens começam a apresentar sintomas. 

Nos mais novos, o cancro “é geralmente mascarado por doenças infantis e é muitas vezes difícil de diagnosticar. Isto leva a um problema e, em muitos casos, a doença é detectada em fases muito avançadas, o que piora o prognóstico da criança,” afirma Paula Rodriguez fazendo votos crescentando que o rastreio regular do cancro infantil é um “sonho” que um dia pode ser possível.

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Redação

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