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Atualidades com Marcello Amorim

Mudanças climáticas, uma crise global que não podemos ignorar

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Mudanças climáticas, uma crise global que não podemos ignorar

Levantei-me nesta manhã de segunda-feira – como na segunda-feira passada – olhei pelo espaçamento da cortina e vi a vidraça embasada, efeito das densas chuvas amazônicas. Aliás, nós que vivemos no Amazonas, experimentamos no que os intelectuais poderiam chamar de “pátria das águas”, e, muitos passam despercebidos, por uma crise que não podemos mais ignorar nesta nova década, que é sobre as mudanças climáticas.

Poucos sabem que as modificações climáticas podem empurrar mais de 100 milhões de pessoas adicionais de volta à pobreza até 2030. Isso mesmo, o aquecimento global provavelmente aumentará 1,5 °C acima dos níveis pré-industriais entre 2030 e 2052 se as emissões continuarem a aumentar na taxa atual. O aumento existente de 1C já levou a um clima mais extremo, aumentando o nível do mar e diminuindo o gelo ártico.

As alterações climáticas têm algumas contradições. Pois, os mais pobres do mundo contribuíram muito pouco para as mudanças climáticas, mas são frequentemente os mais expostos aos seus impactos devastadores. Que loucura falarmos de tudo isso gente.

Como entender tudo isso. Como amazonense tenho envolvimento nesse impacto mundial? As chuvas em fúria causaram uma série de deslizamentos e enchentes em vários pontos da capital Manaus e no interior. Elas também fazem parte da crise global que não podemos ignorar e é impositiva contra todos e em todos os lugares. Antes o que só víamos acontecer em países distantes, longínquos e ábditos; hoje está em todas as regiões do país.

São centenas de milhares de pessoas e suas comunidades agora enfrentam um mundo em mudança no qual correm maior risco de tempestades mais violentas, secas e inundações agravadas e degradação ambiental. É o exemplo de Petrópolis (RJ), onde dados da Defesa Civil mostraram que das 1.690 ocorrências no município, 1.324 estavam associadas a deslizamentos de terra. A tragédia que resultou na morte de 233 pessoas.

Em Manaus, em Petrópolis ou em qualquer lugar do mundo, essas tragédias são de todos nós.

Embora os sinais mais óbvios do novo normal sejam incêndios florestais e superciclones, bilhões de pessoas estão enfrentando mudanças mais imperceptíveis provocadas pelas mudanças climáticas que estão ameaçando seu modo de vida e suas formas de ganhar a vida. Décadas de sucesso na redução da pobreza podem ser revertidas sem grandes esforços para deter o aquecimento climático e ajudar as pessoas a lidar com as mudanças que já estão sobre nós.

Se você já se perguntou ‘Que diferença uma pessoa pode fazer?’ para parar a mudança climática, você pode se surpreender ao saber que podemos agir com pequenas coisas, mais com valores de mudanças objetivas. Como não gosto de mostrar somente o problema, mas, esforço-me a levar o maior número possível a pensar, acredito que precisamos como mordomos da criação do Eterno, procurarmos desafiar e mudar as atividades que prejudicam a terra. Precisamos garantir que temos que ter atividades de defesa, assistência e desenvolvimento onde podemos ser ecologicamente corretas para o benefício de todos.


Veja bem, à medida que a terra e os rios secam, à medida que o nível do mar sobe e as geleiras encolhem, e à medida que as terras agrícolas se degradam diante da expansão dos desertos, as pessoas e as nações estão sendo forçadas a fazer escolhas desesperadas. Devo migrar para a cidade ou fazer uma tentativa perigosa de chegar ao ‘ocidente’? Mando meus filhos para trabalhar em vez de ir para a escola para sobreviver? Levo meu gado para novas pastagens ou pego água do poço de um vizinho. Novos desafios, tensões, conflitos, desastres, todos alimentados pelas mudanças climáticas. Portanto, é necessário um novo pensamento, novas respostas programáticas e maior agilidade para responder ao nosso mundo em rápida mudança.

Devemos, comprometemo-nos a proteger o meio ambiente de uma maior degradação porque entendemos que os impactos da degradação ambiental e das mudanças climáticas amplificam as vulnerabilidades e desigualdades existentes, incluindo aquelas baseadas em idade, gênero, classe, etnia, capacidade e direitos à terra.

Também vemos as mudanças climáticas como uma questão de justiça. A justiça climática representa a interdependência dos direitos humanos, desenvolvimento e ação climática. Vemos a justiça climática como uma abordagem que coloca as crianças no centro da crise climática e traz soluções boas para as pessoas e o planeta, defendendo seus direitos. Devemos ajudar nossas crianças a aprender sobre as mudanças climáticas e fazemos parcerias com escolas e entidades governamentais para educar as crianças e ouvir as preocupações das crianças, compartilhando-as com a ONU e os governos e convocando-os a promover mudanças políticas.

Por fim, o amazonense no Brasil, o pretoriano na África do Sul, o novaiorquino do EUA, o berlinense da Alemanha ou o britânico da Inglaterra, temos que nos unir em favor do nosso planeta, pois em 2050, poderá haver 143 milhões de ‘migrantes climáticos’ internos na África Subsaariana, Sul da Ásia e América Latina se nada for feito.

Eu continuo amando acordar com os sintomas de chuvas lá fora, mas confesso que esse fenómeno não me é tão romântico o quanto quando acontecia na minha infância. Essa é uma cise que não podemos ignorar.

Marcello Amorim