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Mundial de Futebol no Qatar "foi um erro", diz Joseph Blatter
O ex-presidente da FIFA Joseph Blatter admitiu, esta segunda-feira, ao jornal suíço Tages Anzeiger, que a atribuição da organização do Campeonato do Mundo de Futebol ao Qatar “foi um erro”. Blatter esteve envolvido na escolha do país arábico para a realização do evento, em 2010, mas agora lamenta a decisão, por considerar que o Qatar “é demasiado pequeno” para o futebol e a prova desportiva.
Durante a entrevista, o ex-dirigente da FIFA admitiu que as questões relacionadas com direitos humanos não foram tidas em conta pela organização para selecionar o país anfitrião deste ano, mas que os critérios foram alterados em 2012, à luz das preocupações sobre as condições de trabalho nos estaleiros de construção dos estádios no Qatar.
“Desde então, as considerações sociais e os direitos humanos são tidos em conta”, afirmou.
Blatter, que esteve à frente da FIFA durante 17 anos, viu o seu mandato manchado por acusações de corrupção. No entanto, em junho deste ano, acabou por ser ilibado de fraude por um tribunal suíço. Os procuradores recorreram da decisão.
Homossexualidade é um “problema mental”, diz embaixador
O Campeonato do Mundo vive mergulhado num mar de polémicas desde o início. E, a poucos dias do pontapé de saída, um novo episódio veio acentuar o mal-estar entre os países participantes, com um comentário homofóbico do embaixador do evento e antigo jogador da seleção qatari, Khalid Salman.
“Vamos ter aqui muitas coisas, no Campeonato do Mundo. Por exemplo, os homossexuais. A questão mais importante é que todos vão aceitar que eles venham, mas eles têm de aceitar as nossas regras, aqui. É haram, [proibido]. Por que é que é haram? Eu não sou um grande muçulmano, mas é haram, porque é um problema mental”.
As observações, proferidas em entrevista à emissora alemã ZDF, começaram por causar uma onda de choque no país germânico.
A ministra do Interior da Alemanha, Nancy Faeser, assegura que o Qatar lhe deu “garantia de segurança” para os fãs LGBT+.
“O Primeiro-Ministro deu-ma, e não tenho novas indicações por parte dele de que alguma coisa tenha mudado. Claro que esses comentários são horríveis e essa é também a razão pela qual estamos a trabalhar, para melhorar – assim o esperamos – as coisas no Qatar, no futuro”, afirmou a ministra.
Ativistas pelos direitos LGBT+ reuniram-se esta terça-feira às portas do Museu da Fifa, na Suíça, para pressionar a organização a defender os direitos da comunidade no Qatar.
Em declaração prestada por e-mail à agência Reuters, a FIFA diz “estar confiante de que todas as medidas necessárias estarão em vigor para que os fãs e aliados LGBTIQ+ possam desfrutar do torneio num ambiente acolhedor e seguro”.