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Atualidades com Marcello Amorim

O perigo de quem eu chamo de amigo

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O perigo de quem eu chamo de amigo

A 94ª edição da maior premiação do cinema estadunidense ficará marcada para sempre na memória de todos os artistas, convidados e telespectadores que acompanhavam o show. Isso porque, além das diversas premiações importantes, como a surpreendente coroação do longa “No Ritmo do Coração” como Melhor Filme da temporada, uma cena de agressão e discussão foi ao ar entre Will Smith e Chris Rock.

Após Rock fazer algumas piadas com a esposa de Smith, Jada Smith, que sofre com uma doença chamada alopecia (entenda mais aqui), o ator de “Um Maluco No Pedaço” subiu ao palco e desferiu um tapa no rosto do comediante e criador de “Todo Mundo Odeia o Chris”. Momentos depois, Smith foi chamado para receber, finalmente, seu primeiro Oscar de Melhor Ator pelo filme “King Richard: Criando Campeãs”.

Chris Rock e Will Smith juram que são amigos, ou pelo menos foram. Ah, as grandes amizades. Elas são avassaladoras, passam por cima de tudo e de todos. Você e seu best são inseparáveis, vivem a mesma realidade, dividindo pensamentos e segredos. Eis que de repente você percebe que aquele ‘bromance’ todo vai acabando, daí vocês já não se falam mais todos os dias e nem são mais grandes amigos, apenas bons colegas de longa data. Mas por que isso acontece? Quando bons amigos discutem por algum motivo sem grande importância, os dois perdem.

Meditando o quanto se busca ‘novos amigos’ em redes sociais em tempos de pandemia, lembrei-me das orientações de São Tiago, o apostolo, quando disse: “Infiéis, não compreendeis que a amizade do mundo é inimiga de Deus? Aquele, pois, que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus”. ¹

Ora, a amizade é um sentimento maravilhoso, que expressa à alegria que temos em ter conosco as pessoas que amamos. Mas, o mundo, kosmos, aqui, não é o mundo físico, geográfico ou habitado pelos homens, mas um sistema de valores que está em aberta oposição ao Eterno e às suas orientações no Livro Sagrado. Não se trata de algo material, mas espiritual. Não se refere à criação, mas à cosmovisão que conspira contra os preceitos de Deus. É uma maneira de ver a vida, a família, a sociedade, a igreja, o dinheiro, o sexo, os prazeres, as oportunidades, o tempo e a eternidade deixando de lado a realidade do Criador e de seus ensinamentos.

Ser amigo desse sistema é um ato de confronto, de deslealdade ou infidelidade a Deus. É como uma prevaricação espiritual. Devemos a Deus fidelidade e obediência, pois firmamos um pacto com Ele, onde somos o seu povo e Ele é o nosso Senhor.

Portanto, ser amigo do mundo, amar o mundo e conformar-se com o mundo, é virar as costas para o Eterno, repudiá-lo e ser infiel a Ele. Consequentemente, a amizade do mundo é inimiga de Deus. Não dá para ser amigo de Deus e do mundo ao mesmo tempo.

Já diz o reverendo Hernandes Dias Lopes que “é impossível viver enamorado do mundo e ter comunhão com Deus. A amizade do mundo exclui a amizade com Deus e a amizade com Deus impede a amizade com o mundo”.

Precisamos entender como cristãos que esse sistema chamado “mundo” é governado por um ser maligno, por um principado. O mundo tem um príncipe que está em oposição a Deus. O príncipe deste mundo é o diabo. Ele é mentiroso, ladrão e assassino. Ele é enganador, tentador e destruidor. Veio para roubar, matar e destruir. Este príncipe das trevas mantém as pessoas cativas em sua casa, na sua potestade e no seu reino lúgubre e lôbrego. Ser amigo do mundo é viver debaixo dessa influência desastrosa.

Esse sistema tem o seu glamour. Suas ofertas são sedutoras. Suas propostas são aparentemente vantajosas. O seu príncipe é um embusteiro. Oferece o que não pode dar. Seus banquetes têm muitas taças transbordantes de prazer, mas ao fim são taças cheias de veneno. Ao mesmo que oferecem prazer, trazem desgosto; ao mesmo tempo em que fazem promessas de liberdade, escravizam. Ao mesmo tempo em que anunciam vida, existe uma paga com a morte.

O Criador quer nos trazer para uma amizade concreta, restauradora e benéfica. Só quando saboreamos a alegria da vida eterna e os privilégios que ela nos traz temos uma noção cristalina de quão perverso é o mundo, quão iníquos são seus valores e quão terrível é o arrenegado corifeu das trevas.

Na Bíblia, temos exemplo de amizade relevante, Abraão foi chamado de amigo de Deus. ² O próprio Jesus disse que considerava seus discípulos como amigos. ³ Mas, a mesma Escritura contrasta essa expressão recomendando que nós, cristãos, não sejamos amigos do mundo, mas de Deus.

É tempo de rompermos com a amizade do mundo. É tempo de olharmos para a vida na perspectiva de Deus e quebrarmos todos os vínculos que ainda tenta nos prender ao sistema. O caminho do mundo é largo, mas leva à perdição. A porta do mundo é espaçosa, mas conduz à morte. O sistema é uma mentira. Suas vantagens são pura perda. Seus prazeres são notórios pesados. Seu caminho leva ao inferno. Sua amizade é inimiga de Deus. Porém, a amizade de Deus é o caminho mais seguro para a nossa plena felicidade aqui e por toda a eternidade, uma vez que a própria essência da vida eterna é conhecer a Deus e deleitarmo-nos nele para sempre e sempre.

Podemos até mesmo rever algumas amizades ao longo da vida, mas jamais abra mão de ser amigo de Deus ao invés de viver o perigo de uma amizade que é mundana, o caos, o sistema.

NOTA

¹ Livro Sagrado|Tiago 4.4
² Livro Sagrado|Tiago 2.23
³ Livro Sagrado|São João 15.15

Marcello Amorim