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Ópera russa no La Scala é alvo de protestos durante estreia
Foi entre brilhos e ovações, que o La Scala levantou o pano a uma nova temporada. A conceituada casa da ópera italiana, em Milão, escolheu para a estreia a ópera russa “Boris Godunov”, mas os aplausos não foram suficientes para calar o coro de críticas. No exterior, alguns manifestantes protestaram contra o que dizem ser uma vitória da propaganda do Kremlin.
A resposta aos protestos chegou da classe política que assistiu ao espectáculo e foi unânime ao afirmar que a cultura não deve ser contaminada pela guerra na Ucrânia.
Uma das vozes favoráveis à apresentação foi a da Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que reiterou o apoio ao país invadido em fevereiro deste ano pelo exército russo.
“Os Ucranianos são pessoas fantásticas, bravas e corajosas e nós apoiamo-los com o que for necessário, e pelo tempo que for preciso. Penso que não devemos permitir que Putin destrua a cultura”.
Também a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, optou por separar as águas da cultura e da política.
“Não temos nada contra o povo russo, a história ou a cultura russa, temos sim contra aqueles que fizeram a escolha política de invadir um país soberano. As duas dimensões devem ser mantidas separadas, porque são duas coisas muito diferentes e não devemos misturá-las”.
Também a direção do La Scala sublinhou o apoio à Ucrânia, destacando um concerto de beneficência, onde foram angariados 400 mil euros.
Mas uma visão diferente reuniu, no exterior do teatro, cerca de 30 ucranianos que contestaram a apresentação da obra de Alexander Pushkin sobre o czar Godunov e o império russo.
Nadiya Sazanska, natural de Zaporíjia a viver em Itália há 22 anos, decidiu participar nos protestos por considerar que “a cultura se tornou numa espécie de arma para os russos”, numa altura em que “não querem ouvir nada russo”.