P62 » Derrota na indicação para a Defensoria Pública acende alerta no governo sobre clima no Senado

Rejeio ao nome de Igor Roque para o rgo animou oposio, que promete ‘vida dura’ em provvel indicao de Dino ao STF; Planalto minimiza e v ‘coisas distintas’

ANDR RIBEIRO/FUTURA PRESS/ESTADO CONTEDO

Lula viu o Senado impor algumas derrotas ao governo nas ltimas semanas

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Na quarta-feira, 25, o plenrio do Senado rejeitou o nome de Igor Roque, indicado pelo presidente Luiz Incio Lula da Silva para o comando da Defensoria Pblica da Unio (DPU). Foram 35 votos favorveis e 38 contrrios, em um movimento que serviu de combustvel para a oposio, que viu no gesto um “recado dado” ao Palcio do Planalto em meio expectativa para a indicao do ministro da Justia e Segurana Pblica, Flvio Dino, ao Supremo Tribunal Federal (STF). Por outro lado, aliados de Lula ouvidos pelo site da Jovem Pan reconhecem que a derrota acende um alerta sobre a relao do governo com a Casa Alta, mas minimizam o impacto do revs e projetam um cenrio totalmente diferente no caso da escolha para a Suprema Corte.

A votao que selou a rejeio de Igor Roque foi secreta, mas o placar mostra que houve infidelidade da base aliada. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) foi reeleito para o comando da Casa com 49 votos. Seu adversrio, senador Rogrio Marinho (PL-RN), conquistou 32 votos. Considerando os 38 votos contrrios ao nome de Roque, possvel inferir que cerca de seis senadores se somaram ao grupo bolsonarista, que vinha torpedeando o escolhido para a Defensoria Pblica em razo de um seminrio sobre aborto legal anunciado pela instituio. “Derrubamos o indicado do Lula para a DPU. Recado dado. Gesto forte! Tenho dito: se colocar o Dino pro STF vai passar vergonha!”, escreveu o senador Carlos Portinho (PL-RJ) nas redes sociais. “Vai Lula, indica o Flvio Dino pro STF O Senado t esperando”, publicou o senador Flvio Bolsonaro (PL-RJ). Sob reserva, um senador governista admitiu reportagem que a derrota pegou o Planalto de surpresa, reconheceu que h um quadro de insatisfao em relao forma como o Senado tem sido tratado na entrega de cargos, mas minimizou a possibilidade de Flvio Dino ser aprovado pelo plenrio da Casa, caso seja indicado para o STF em toda a histria do Brasil, somente em 1894, durante o governo Floriano Peixoto, escolhidos para o tribunal foram rejeitados.

“Os senadores tm comeado a reclamar do privilgio dado Cmara, que, mais uma vez, abocanhou uma coisa grande, que foi a presidncia da Caixa. No foi o primeiro resultado azedo para o governo, mas uma coisa no tem nada a ver com a outra. Essa rejeio est ligada pauta de costumes, ao seminrio do aborto, e sabemos que o Congresso j deixou bem claro que o presidente Lula s ter tranquilidade na pauta do ministro Haddad.O raciocnio na hora de votar uma escolha para o STF sempre o mesmo: vale a pena comprar briga com algum que pode te julgar por mais de uma dcada?”, disse ao site da Jovem Pan um aliado do Planalto. O ministro Flvio Dino tem 55 anos e, por isso, poderia ficar cerca de 20 anos no Supremo at a data da aposentadoria compulsria. O lder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), adota raciocnio semelhante. Para o parlamentar, a rejeio de Igor Roque “faz parte”. Na vida assim. s vezes a gente ganha, s vezes a gente perde. At meu Flamengo perdeu ontem em uma virada lamentvel. A derrota faz parte. Mas isso no pode ser dito como regra, disse. Teve um conjunto de circunstncias que, lamentavelmente, reitero, criou dificuldades para a apreciao do doutor. Igor. Faz parte, concluiu.

Quando o assunto base aliada, o governo Lula enfrenta uma situao mais confortvel no Senado. Mesmo assim, ao longo do primeiro semestre, o Planalto enfrentou uma satisfao dos senadores, que obrigaram o presidente a editar um novo decreto sobre o marco do saneamento. Em outra votao, 15 senadores do PSD, do MDB e do Unio Brasil, partidos contemplados com ministrios, votaram a favor do PL do Marco Temporal, um assunto caro ao governo o projeto foi parcialmente vetado por Lula. Em outubro, a Comisso de Constituio e Justia (CCJ), presidida por Davi Alcolumbre (Unio Brasil-AP), aprovou uma PEC que permite a comercializao do plasma sanguneo, contrariando uma recomendao do Ministrio da Sade.Em razo disso, os lderes governistas admitem a necessidade de melhorar o relacionamento com os parlamentares, seja acelerando a liberao de emendas, seja cedendo espao a indicados de senadores.

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