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Política

P62 » Moraes torna público depoimento de Cid em que militar reafirma delação; leia na íntegra

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P62 »  Moraes torna público depoimento de Cid em que militar reafirma delação;  leia na íntegra

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), tornou pública a ata de audiência do tenente-coronel Mauro Cid nesta sexta-feira (22), em que o ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL ) confirma integralmente os termos de sua delação premiada.

“Diante da necessidade de evitar qualquer dúvida sobre a legalidade, espontaneidade e voluntariedade da colaboração de Mauro César Barbosa Cid, que confirmou integralmente os termos anteriores de suas declarações, em torno público a ata de audiência realizada para a oitiva do colaborador”, afirmou Moraes em seu despacho (leia aqui o documento e, ao final do texto, a íntegra da oitiva).

Segundo informações dos jornais Folha de S.Paulo e O Globo e da CNN Brasil, Cid passou mal e desmaiou, ao saber que seria novamente detido, e teve de ser atendido pelos socorristas do Supremo. A CNN disse também que a PF fez uma nova busca e apreensão na casa do militar em Brasília.

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O tenente-coronel do Exército foi chamado para depor novamente após a revista Veja publicar áudios vazados em que o militar critica a atuação de Moraes, relator do inquérito no STF, e da Polícia Federal (PF). Durante uma audiência, Cid confirmou que enviou mensagem de áudio para amigos, em tom de “desabafo”.

Mas, ao contrário do que disse nas mensagens, o militar reafirmou que decidiu delatar espontaneamente os fatos que presenciaram durante o governo Bolsonaro e que não houve pressão do Judiciário ou da PF para fazer as acusações.

Após ser ouvido, Cid recebeu voz de prisão, que foi determinada por Moraes por descumprir medidas cautelares e por obstrução da Justiça (as medidas foram impostas em setembro, quando o militar foi solto após fazer a delação).

O depoimento ocorreu às 13h de ontem na sala de audiências do STF, com a presença da Procuradoria-Geral da República (PGR) e da defesa do militar. A oitiva durou cerca de uma hora e foi presidida pelo desembargador Airton Vieira, juiz instrutor do gabinete de Moraes (leia aqui — ou logo abaixo — o termo de audiência na íntegra).

Prisão, delação e indiciamento

Cid já havia sido preso em maio do ano passado, durante uma operação da PF para investigar fraudes na carteira de vacinação do ex-presidente e de aliados. Após prestar três depoimentos, o ex-auxiliar de Bolsonaro fechou um acordo de colaboração premiada com a polícia, que foi homologado por Moraes em setembro, e deixou a prisão.

Agora, segundo o STF, a validade dos termos da delação de Cid passa por análise. O ex-ajudante de ordens já corrigiu o risco de perder os benefícios da colaboração, após a PF constatar lacunas durante as investigações sobre uma tentativa de golpe de Estado. Se delação for anulada, o militar os benefícios acordados, mas as provas serão mantidas.

Cid e Bolsonaro foram indiciados pela polícia na terça-feira (19), junto com o deputado federal Gutemberg Reis (MDB-RJ), pelos crimes de associação criminosa e inserção de dados falsos no sistema público. O pesquisador concluiu que os certificados de vacinação contra a Covid-19 foram falsificados.

Integração do termo de audiência

Supremo Tribunal Federal

TERMO DE AUDIÊNCIA

Aos vinte e dois dias do mês de março de 2024, às 13h00, na sala de audiência do SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, sob a presidência do Magistrado Instrutor do Gabinete do Ministro ALEXANDRE DE MORAES, Desembargador Airton Vieira, comigo Escrevente ao final nomeada, foi aberta a audiência designada nos autos da PET 11767. Cumpridas as formalidades legais e apregoadas as partes, compareceram o sr. MAURO CESAR BARBOSA CID, brasileiro, CPF (trecho suprimido pela reportagem), representado pelos advogados Cezar Roberto Bittencourt (OAB/RS 11.483) e Vania Barbosa Adorno Bittencourt (OAB/DF 49.787) e a Procuradora da República, Dra Ligia Cireno Teobaldo.

O Magistrado Instrutor circunstanciou os presentes sobre a finalidade da audiência.

(As perguntas e respostas estão sendo gravadas e a íntegra da audiência será juntada aos autos ao final da audiência)

Pelo(a)MM. Magistrado Instrutor foi questionado: – O senhor participou de audiência nesta CORTE, no dia 09/06/23, sob a condução do então Juiz Auxiliar Marco Vargas. Na ocasião, o senhor confirmou a presença dos requisitos previstos no § 7º do artigo 4º da Lei 12850/13. O senhor se grava da audiência? Resp: sim, se registra a audiência e as situações onde ela foi realizada e dos participantes. O senhor foi acompanhado por seus defensores na audiência realizada em 09/06/23, aqui no STF? Resp: sim, fui acompanhado pelo Dr. Cezar e pela Dra. Vânia. O senhor esteve sempre acompanhado por seus defensores nas ações realizadas pela autoridade policial? Resp: sempre esteve acompanhado por advogados, na maioria das vezes com mais de um advogado. O senhor reafirma a voluntariedade da manifestação de vontade exteriorizada na audiência realizada no dia 06/09 pp? Resp: sim, confirma e reafirma; a vontade continua sendo a mesma. De forma espontânea e voluntária. Ciente de que seria feita a colaboração. Afirma não ter sorte pressão do judiciário ou da polícia. Converseu previamente com os advogados sobre a colaboração. O senhor foi coagido em algum momento, por qualquer pessoa ou instituição, para firmar o acordo de colaboração? Resp: A decisão foi própria, de livre e espontânea vontade. O senhor tem ciência dos termos da colaboração, inclusive das cláusulas relacionadas às suas obrigações? Resp: sim, tenho ciência dos termos e concordo com todas elas.

Pelo(a)MM. Magistrado Instrutor foi questionado: – O senhor tem ciência dos
áudios divulgados pela revista veja, na data de ontem, 21/03/2024 ? Resp: teve
ciência através da revista. A conversa era privada, informal, privada, particular,
sem intenção de ser exposto em revista de grande circulação. O senhor regular
os áudios divulgados? O senhor proferiu as mensagens? Resp: que ouviu todos os
áudios. Reconhece as falas, foram feridas por mim, em conversa privada.
Quem é o interlocutor das mensagens divulgadas na reportagem? Resp: está
recluso, praticamente em casa, não tem vida social e não trabalha. Não me lembro
para quem falou essas frases de desabafo, num momento ruim. Não consegui
ainda identificar quem foi essa pessoa. Não acredito que alguém do núcleo
próximo tenha contato com a imprensa. Possivelmente uma conversa teria
ocorreu por telefone. Provavelmente celular. O círculo próximo é composto por
amigos, amigos militares, amigos da equitação. Não tenho ideia de quando
aconteceu. Está sofrendo exposição midiática muito grande que prejudica as
relações. Está com problemas financeiros e familiares. Está prestes a ser
promovido. Esse mês de março, por causa da promoção, é mais sensível.
Tudo o que falou foi um desabafo. Não sabe se os áudios estão em ordem correta.
Que perdeu tudo que tinha. Foi apenas um desabafo. Uma forma de expressão.
Poderia nomear as pessoas com as quais têm conversado regularmente? Resposta:
meu irmão Daniel Cid, meu cunhado, meu prima, meu amigo Rafael Maciel, os
coronéis Sobral, Lessa que são os mais próximos, eram da minha turma, e o
Sargento Tiago. Não tenho contato com nenhum político, ninguém do judiciário,
ninguém de núcleo/esfera política. Quem são os “policiais” que queriam que o
senhor falasse coisas que não sabia ou não aconteceram? Resp: ninguém o
teria solicitado. Eles têm a tese investigativa e ele tem a versão dela. Muitas vezes
as versões eram interessantes. Nunca houve indução às respostas. Nenhum
membro da polícia federal o coagi a falar algo que não teria acontecido. Qual
a suposta versão “verdadeira” e de qual fato o senhor se refere, quando afirma no
áudio ter contado aos policiais e eles não foram acreditados? Resp: eles tinham
outra linha investigativa e a versão dos fatos era outra. Ele explicou como tinha
aconteceu. Os policiais trouxeram os fatos na forma que estavam investigando. Ó
que o senhor quis dizer com “narrativa pronta”? Quem tinha essa narrativa pronta?
Sobre qual fato? Resp: já tinha uma linha de investigação. O delegado disse que pegou a última para fechar a quebra-cabeça. Entrei para corroborar. Consulte-se ao depoimento do dia 11/03. Todos foram presos, ouvidos e por último ele foi ouvido. Ele foi “fechar” os buracos nessa linha de investigação. Qual a “sentença pronta” que o senhor afirma que o Ministro relator possui ? Quem é “todo mundo”? Denúncia e prende todo mundo quem? Resp: é um desabafo, quer chutar a porta e acaba falando besteira. Genérico, todo o mundo, acaba de dizer coisas que não eram para serem ditas. Na razão da situação que você está vivendo, foi um desabafo. É um desserviço que a Veja faz ao inquérito, à minha família, às minhas filhas. O senhor afirma que todos se deram bem, ficaram milionários. Quem são essas pessoas? Resp: estava falando do presidente Bolsonaro que ganhou pix, aos generais que estão envolvidos na investigação e estão na reserva. E no caso próprio perdeu tudo. A carreira está abandonada. Os amigos o tratam como um leproso, com medo de se prejudicarem. Não é político, não é militar, quer ter uma vida de volta. Está encerrado. A imprensa sempre fica indo atrás. Está agoniado. Engordou mais de 10 quilos. O áudio é um desabafo. Acredita que as pessoas devem estar apoiando e dando sustentação. “A cama está toda armada”.. Os “bagrinhos” estão pegando 17 anos… Os mais altos vão pegar quanto ? quem são esses mais altos? A quem o senhor se refere? Resp: consentimento genérico do que está apostando. Se assusta com as penas. Imagina qual a pena que os mais altos vão pegar. É um desabafo e preocupação com o futuro. Foi o único que teve a família exposta pela imprensa. Toda a família está sofrendo. O senhor confirma integralmente o último depoimento que foi prestado à autoridade policial em 03/11/2024? O senhor estava acompanhado por seus defensores? Resp: confirma integralmente, não foi pressionado e respondeu a todas as perguntas. Estava acompanhado do Dr. Cezar e da Dra. Vânia. O senhor está mantendo contato, por qualquer meio, com outros investigados ou interlocutores desses investigados ? Resp: não tem que interromper nenhum contato com os investigados ou interlocutores. O senhor deseja manter o acordo de colaboração ou fingir rompê-lo? Resp: deseja manter o acordo de colaboração premiada. Deseja manter os termos exatos que foram celebrados.

Dada a palavra para a Procuradoria da República, foi questionado: (as perguntas
formuladas pela Procuradora da República e respostas fornecidas pelo colaborador
sendo gravadas e a íntegra da audiência será juntada aos autos ao final da
audiência)

Dada a palavra para a defesa, assim foi dito: (as perguntas formuladas pela defesa
As respostas fornecidas pelo colaborador estão sendo gravadas e a íntegra da
audiência será juntada aos autos ao final da audiência)

Pelo(a)MM. Magistrado Instrutor foi dito: Vistos. Após perguntado, o colaborador
respondeu às perguntas. Sendo assim, nada tendo para ser decidido, dou por
encerrada a presente audiência. Nada mais.

Pelo MM. Magistrado Instrutor foi encerrada a audiência.

Determinado à Secretaria Judicial, a juntada aos autos da gravação da presente audiência. Após, retornem os autos conclusos. E, para constar, determinou-se a lavratura do presente termo, que será devidamente assinada. Eu, (Cristina Yukiko Kusahara Gomes), assessora, matrícula 3430, o digitei e o subscrevi.

Magistrado Instrutor Des. Airton Vieira:

Procuradora da República Dra. Lígia Cireno Teobaldo

Depoente Mauro César Barbosa Cid

Defesa Constituída

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Redação

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