Economia
P62 » “Pode não cair mais em 2024”: bancos elevam projeção para Selic após ata do Copom
Os últimos dias foram de ajustes de expectativas sobre os juros após a última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) na última terça-feira (14), com economistas projetando um terminal Selic mais alto.
Na quarta-feira da semana passada, oCopomanunciou uma redução no ritmo de afrouxamento monetário ao fazer um corte de 0,25 ponto percentual na Selic, para 10,50% ao ano, após seis quedas consecutivas de 0,50 ponto na taxa. Também foi abandonada a indicação para passos futuros da política monetária.
Abalando o apetite por risco nos mercados domésticos, a decisão sobre o corte foi tomada com divergência dos quatro diretores indicados pelo presidente Luiz Incio Lula da Silva, que defenderam a manuteno do corte mais forte nos juros básicos, de 0,50 ponto. Essa dissidência declarada temores de que a diretoria do BC poderia se mostrar menos ortodoxa a partir de 2025, quando a maior parte da diretoria fosse formada por indicados do governo.
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No entanto, aatadesta semana demonstrou cautela de todos os diretores do Banco Central, mesmo nos indicados pelo atual governo, que justificaram seu voto num corte mais intenso da Selic com a vontade de não desrespeitar a orientação futura anterior do BC, de que provavelmente reduziria os juros em 0,50 ponto em maio.
Com isso, mais casas passaram a prever cortes de juros mais modestos do que foram projetados anteriormente, em linha também com o relatório Focus desta semana que, antes mesmo da ata, já havia revisado o projeto de Selic ao fim do ano para cima.
Na quarta-feira, um dia após ata do Copom, o Santander Asset Management Brasil revisou seu projeto para a taxa Selic ao final de 2024 de 9,5% para 10,25%, uma vez que a instituição reforou tom cauteloso do comunicado logo divulgado após a decisão sobre os juros na semana passada. A gestora de ativos também elevou sua estimativa para o patamar da taxa básica ao final de 2025 de 8,5% para 9,5%.
Para o Santander Asset, o comunicado de quarta-feira passada em que o Copom anunciou a desaceleração do afrouxamento monetário já havia indicado uma trajetória mais conservadora do que as expectativas para a Selic.
A ata reforou esta leitura, com uma avaliação geral de conjuntura mais cautelosa, considerando o ambiente global mais adverso, a atividade doméstica com maior dinamismo e o cenário prospectivo mais desafiador para a inflação local, com um Copom particularmente atento ao comportamento das expectativas inflacionárias, afirmou Eduardo Jarra, chefe de economia e estratégia da Santander Asset. A instituição destacou a recente alta das expectativas de inflação como fator para a revisão, e também como ponto de monitoramento frente, mas, segundo o economista, o cenário externo não teve influência relevante na decisão.
O Itaú também passou a ver a Selic fechando o ano a 10,25%, ante projeto anterior de 9,75%. O cenário global de desafios (com dlar forte) e as incertezas domésticas (com pressão em preços de serviços mais sensíveis ao desempenho do mercado de trabalho, aumento do risco fiscal e expectativas desancoradas) fez com que o Banco Central (BC) revisasse seu plano de voo, diminuindo o ritmo de flexibilização monetária na última reunião. Considerando o compromisso firme assumido pela autoridade monetária em perseguir a meta de inflação, avaliamos que o espaço para cortes adicionais de juros é mais limitado e projetamos que a taxa Selic termine o ano em 10,25% aa, permanecendo nesse patamar no final de 2025, avaliação.
A gora Investimentos manteve a expectativa de mais um corte de juros de 0,25 pp na próxima reunião do Copom que ocorrerá no dia 19 de junho. A partir da, os próximos cortes, se iro existir ou não e quantos sero, a casa deve avaliar no planejador das semanas, dado que o cenário é cada dia mais incerto com doses adicionais de indefinição, por exemplo, a tragdia no RS e suas implica para o cenário fiscal e a inflação. Quanto ao terminal Selic, continuamos com nossa expectativa de 9,75%. Entretanto, permitimos que o BC possa interromper este ciclo de queda mais cedo do que anteriormente esperado, aponta.
Ciclo j se encerrou?
O JPMorgan, por sua vez, avalia que o ciclo de queda da Selic em 2024 foi encerrado na reunião da semana passada. Estamos revisando nossa chamada para a Selic e esperamos que o BC pause o ciclo de flexibilização em 10,50% por enquanto, disse o banco em relacionamento contratado por Cassiana Fernandez e Vinicius Moreira. Anteriormente, o JP Morgan previu mais dois cortes de 0,25 ponto percentual na taxa básica de juros.
Para o banco, isso dificulta prever os próximos passos do Copom, pois não deixa claro qual a visão majoritária para junho nem quais fatores os membros do comitê compartilham mais importantes no momento. Considerando que as expectativas de inflação para o médio prazo parecem estar aumentando, pelo menos no curto prazo, presumimos que o ciclo de flexibilização irá pausar na próxima reunião, disseram os economistas. Depois da próxima reunião, a visibilidade muito mais reduzida, e prevemos que o BC espere até que haja mais certeza sobre a tendência global de desinflação e menores desequilíbrios internos.
A instituição financeira concluiu que os membros do Copom que votam pelo corte de 0,25 ponto percentual na última reunião devem defender uma pausa no ciclo de flexibilização caso não haja uma redução das incertezas globais ou fatores que interrompem o aumento recente das expectativas de inflação para o médio prazo.
A XP, na outra ponta, projeta dois cortes adicionais de 0,25 ponto percentual, levando a uma taxa Selic de 10,00%, patamar que deve permanecer por um bom tempo, na visão de casa. O risco, contudo, de uma taxa terminal maior. De fato, lendo a ata, não d nem para desconsiderar uma pausa no ciclo de cortes j na próxima reunião do Copom, em junho, afirma.
(com Reuters)
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