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Economia

P62 » Racha na diretoria da Aneel trava discussão, preocupações com agentes e impacto no consumidor

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P62 » Racha na diretoria da Aneel trava discussão, preocupações com agentes e impacto no consumidor

Uma racha entre diretores da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) por divergências de cunho político e pessoal está travando o andamento de processos relevantes para o setor elétrico e causa preocupação, segundo especialistas e executivos de grandes empresas de energia ouvidos pela Reuters.

Os agentes avaliam uma situação bastante negativa para um rgo que se refere à regulamentação. Eles destacam entre os temas a espera de definição do antigo caso da RBSE, uma indenização bilionária paga a transmissoras de energia que é alvo de questionamento por suposto erro de cálculo, cuja revisão poderia reduzir pagamentos Eletrobras e Cteep.

A situação na Aneel é mais um caso de políticas envolvendo agentes públicos no setor de energia no Brasil, que também têm visto divergências entre o ministro de Minas e Energia e o presidente da Petrobras, cuja demissão está sendo cogitada nos bastidores de Brasília.

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As discórdias entre os diretores da Aneel se intensificaram em meados do ano passado, quando se tornaram mais evidentes nas deliberações uma divisão entre dois grupos: Fernando Mosna e Ricardo Tili costumam votar em sintonia entre si e em discordância com o diretor-geral Sandoval Feitosa. Inês da Costa, que enxergada pelo mercado como neutra, geralmente acompanha os votos de Feitosa.

J Hlvio Guerra, cujo mandato na agncia expira em maio, vinha convidado como fiel da balana, mas, em deliberaes mais recentes, tem seguido os vises de Mosna e Tili.
Segundo agentes do setor, o racha na Aneel tem como pano de fundo associações políticas de alguns diretores, com Feitosa sendo apadrinhado por Ciro Nogueira (Progressistas) e Mosna e Tili ligados ao ex-secretário executivo do Ministério de Minas e Energia, Efrain da Cruz , que por sua vez próximo de Marcos Rogério (PL), partido do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Na visão de executivos de grandes empresas elétricas, que falaram sob condição de anonimato, os conflitos no colegiado deixaram de ser saudáveis ​​porque foram contaminados por todos esses aspectos técnicos do setor.

Dissenso e discórdia são tão importantes na agência, mas devem ser motivados pela diversidade de visões em relação às regras do setor. Diferentes personalidades pessoais como elemento forte na discussão, afirmaram um executivo.

De acordo com as fontes, a percepção piorou consideravelmente no último mês, depois da decisão sobre a revisão tarifária no Amap.

Aps mais de cem dias sem deliberar sobre um aumento tarifário da ordem de 35% em razão da promessa de uma medida provisória pelo governo, a Aneel decidiu aprovar reajuste equivalente a zero e criar um regulador ativo a ser reconhecido futuramente nas tarifas da distribuidora amapaense, pertencente ao grupo Equatorial.

Feitosa criticou posteriormente a decisão, avaliando que ela trazia insegurança regulatória, ou que foi desaprovada pelos diretores na reunião desta semana. Guerra, que saiu da Aneel após 23 anos, se disse magoado com a atitude do diretor-geral, enquanto Tili e Mosna condenaram a fala, afirmando que as decisões colegiadas tm que estão acima das opiniões individuais.

Não um lugar para lavar roupa suja: se tem divergência de opinião, tem que ser (discutido) de forma privada, a reunião pública, transmitida pela internet, qualquer um pode ver. algo que nenhum agente apoia, disse um executivo, afirmando que agora há maior cautela nas interlocuções com os diretores.

O que tem acontecido é tão decidido muito mais lentamente, porque não tem mais discussão e alinhamento, tudo tem pedido de vista, afirmou outra fonte, acrescentando que o Ministério de Minas e Energia tem uma responsabilidade grande com a escolha do substituto de Guerra.

Duas fontes também consideraram muito negativa a deliberação sobre tarifas do Amap, apontando um carter político, já que uma das justificativas para não aprovar uma alta tarifa no momento foi o impacto que teria na capacidade de pagamento da população. Um dos assuntos específicos no tema o senador pelo Amap Davi Alcolumbre (União), próximo de Efrain da Cruz.

Indefinições e reputação da agência

Entre as pautas que estão pendentes na Aneel, várias das fontes consultadas citam o caso da RBSE, a indenização que vem sendo paga a transmissoras de energia, especialmente Eletrobras e ISA Cteep, pela renovação de contratos ocorrida em 2013.

O tema é alvo de questionamentos por suposto erro de cálculo do componente financeiro das indenizações por parte da Aneel.

O impacto do correo dessa indenizao, que custeada por meio de cobranas embutidas na conta de luz, da ordem de R$ 16 bilhes, e beneficiaria principalmente geradores e consumidores.

Para uma das fontes, ao final das decisões, a Aneel acaba se enfraquecendo e abrindo espaço para interferências indevidas por parte de outros atores, como Congresso, Tribunal de Contas da União e do próprio Ministério de Minas e Energia. Como exemplo, citou a atuação que consideravelmente da Aneel no caso das termétricas contratadas no leilo emergencial de 2021, um tema que escalou para o TCU.

Uma questão que vem dos últimos anos que, independentemente da capacitação técnica dos profissionais, sabemos que a indicação é absolutamente política, fruto de acordos e negociações, e isso é muito ruim, afirmou Luiz Eduardo Barata, ex-diretor-geral da operadora elétrica ONS e atual presidente da Frente Nacional dos Consumidores de Energia. A agência não pode ser política, tem que ser técnica. Se queremos ter comentários no setor, é preciso que a agência e os profissionais tenham comentários, acrescentou Barata.

Leandro Gabiati, cientista político, aponta que é legítimo que as indicações para que as agências reguladoras tenham uma política variável, mas pondera que isso não deveria preponderar sobre a atuação dos diretores.

A política está presente, e é legítimo que você esteja. Não necessariamente tem que ser uma marca negativa. A falta de dilogo interno no colegiado acaba enfraquecendo um pouco a postura do regulador.

Procurado para comentar o assunto, Fernando Mosna disse que os conflitos no colegiado da Aneel são públicos e, infelizmente, cada vez mais frequentes. Ele também encaminhou reportagem uma fala recente do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, que diz: O dia que você abre mo por um segundo da sua autoridade você nunca mais se recupera. Ento a autoridade que me deleguei e autoridade sem arrogância eu não transigirei em executar.

Tili e o diretor-geral da Aneel não quiseram comentar, assim como a autarquia. Guerra e Agnes da Costa não retornaram a pedido de comentário.

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Redação

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