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Economia

P62 » Seguro para alagamento nas empresas vai encarecer depois da enchente no RS?

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P62 » Seguro para alagamento nas empresas vai encarecer depois da enchente no RS?

Apesar disso, os impactos financeiros das enchentes que deixaram o Rio Grande do Sul abaixo da água ainda devem continuar por um bom tempo.

Para se ter uma ideia, pesquisa da Fiergs (Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul) revelou que 81% das indústrias gachas foram afetadas pelas inundações do mês passado, sendo que 93% das interrupções alcanaram em 30 dias. O levantamento mostrou ainda que um tero deles (31,3%) informaram prejuzos em estoques de matrizes-primas, 19,6% em máquinas e equipamentos, 19,6% em estabelecimentos físicos e 15,6% em estoques de produtos finais.

O varejo também é outro setor que amarga grandes preconceitos. Um estudo da IBEVAR FIA Business School, calculou em cerca de R$ 3,4 bilhões a perda média de lucro para as empresas varejistas do Rio Grande do Sul (RS). Em um cenário de interrupção das atividades por cerca de 15 dias consecutivos, o preço poderia chegar a R$ 50,8 bilhões, diz relatório divulgado no início de junho.

Parte dessas empresas conta com algum tipo de seguro para amenizar esse prejuízo financeiro, como demonstram os quase 5 mil pedidos de indenização em ramos como Grandes Riscos, Empresarial, Transportes, Riscos de Engenharia, Vida e outros registrados pelas seguros no pas. Somente esses ramos somam quase R$ 2 bilhões dos R$ 3,88 bilhões já registrados pelas seguros em pedidos de indenizações relacionadas à tragédia climática, segundo o mais recente balanço divulgado pela CNseg (Confederação Nacional das Seguradoras).

Segurados dos ramos automóvel, agrícola, habitacional e residencial também foram afetados e devem sentir, em breve, impacto nos preços de novos contratos (ou renovações) dos seus seguros. o caso, por exemplo, de quem busca contratar a cobertura contra alagamento no seguro residencial, uma vez que o CEP é uma variável determinante no cálculo do preço do seguro, explicam especialistas do mercado.

Segundo Silvana Speranza, diretora de Placement da corretora Marsh Brasil, existem dois grandes modelos de contratação de seguros empresariais. O que a maioria das empresas contrata os chamados riscos nomeados, ou seja, aqueles produtos que as seguranças já estão prontos. Este seguro conta com uma cobertura básica (contra incêndio, raio e explosão) e ela pode ser adicionada como coberturas extras, que custam um percentual disso para que possa ser contratada a cobertura contra alagamento. O problema nesse formato, diz Silvia, é que a grande maioria dos aplicativos tem uma cobertura de alagamento muito limitada ou nem tem.

Outra modalidade de seguro é chamada de riscos operacionais. A diretora da Marsh explica que este formato costuma ter contratos de seguro maiores, com especialistas em gerenciamento de riscos no próprio cliente, o que já entendemos melhor os riscos aos quais a empresa está exposta. Contratos de concessão costumam optar por essa modalidade de seguro, exemplifica Silvia, e nesse caso a cobertura para alagamento já vem no pacote básico.

No caso de Marsh, o superintendente de Sinistros Complexos e Consultoria em Sinistros da corretora, Daniel Capello, conta que de todos os sinistros de clientes gachos recebidos pela corretora, apenas 16% não tinham cobertura de alagamento. No entanto, 45% de quem tm a cobertura e acionou o seguro possui limite contratado para cobertura de alagamento inferior a 1 milhão de dlares. Portanto, empresas que podem ter tido contratos muito altos e sinistros, conta Capello.

Silvia diz ainda que as várias ocorrências catastróficas que vêm ocorrendo sequencialmente no Brasil nos últimos anos certamente farão com que os motoristas utilizem muito mais critérios para aceitar e precificar o risco. A assinatura vai ser diferente, pontual a executiva, ressaltando que já encontra dificuldades para colocação de alguns riscos em regiões do Sul, com limitações na aceitação das seguradoras desse tipo de cobertura.

Procurada pela reportagem, a Susep (Superintendência de Seguros Privados) avalia que eventos severos, como o do Rio Grande do Sul, podem aumentar a procura por seguros no Brasil e, portanto, esperado que as enchentes no RS tendam a ampliar a busca por proteção de bens patrimoniais como um todo, incluindo coberturas para alagamento, inundação, enchentes e chuva excessiva.

A Susep informa também que vem monitorando de perto a situação e, no momento, não é possível afirmar que há aumento de preços, restrição de capacidade ou falta de interesse do mercado segurador na oferta de cobertura para riscos de alagamento. Segundo o rgo, que o responsável pela regulação e fiscalização do mercado de seguros não passa, o que tende a ocorrer após eventos climáticos de grandes proporções a reavaliação, por parte das seguradoras, de termos, condições e procedimentos para alcançar um melhor equilíbrio das carteiras securitrias. Nesse sentido, continua a Susep, para aceitar algumas propostas de aumento de seguros considerados de alto risco, as garantias podem adotar e/ou exigir dos segurados medidas preventivas para diminuir a ocorrência de certos danos para evitar no valor do prêmio [valor pago pelo cliente seguradora].

Na avaliação de Pedro Farme, CEO no Brasil da corretora de resseguros Guy Carpenter, a capacidade financeira para arcar com esse tipo de risco existente, por meio da contratação de resseguro que basicamente o seguro contratado pelas próprias seguradoras. Segundo ele, o mercado capitalizado para explorar riscos catastróficos em regiões maiores que a brasileira no consumo de seguros, como EUA e Japão. A vantagem de que os riscos não se acumulam. Um evento climático no Rio Grande do Sul não tem nada a ver com o que aconteceu em outro lugar. Mais da metade do negócio de resseguros protege evento catastrófico, ressalta Farme.

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Nova demanda

A questão é que no Brasil nunca houve demanda das seguradoras para cobertura de catástrofes da natureza, como há em outros lugares citados, e agora precisa ter mais cuidado com a frequência e a severidade dos eventos climáticos.

Segundo o executivo, o setor terá de se adequar às demandas de informação e gerenciamento de riscos que já são práticas de mercado adotadas onde existem esses riscos catastróficos.

Uma delas é a utilização de modelos preditivos, diz Farme, que são tão diferentes no mapeamento de risco. Ele conta que Guy Carpenter está para lançar em terras brasileiras uma ferramenta com modelo preditivo da companhia já usado em outras etapas e que, por meio de cruzamentos de vários bancos de dados, pode avaliar o nível de exposição catastrófica. Ou seja, consegue calcular o dano da carteira de segurança conforme a frequência e a severidade previstas para um determinado evento climático. No Brasil, uma ferramenta que mede os efeitos de alagamento e venda em conjunto, indica Farme.

Mais do que baratear, vai trazer adequação de disponibilidade e acessibilidade. Quanto mais eu tiver conhecimento do meu risco, mais terei como me proteger e vender ao preço adequado essa capacidade, complementará o executivo.

►Notícias de Manaus e do Amazonas.

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Redação

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