Paquistão ordena que shoppings fechem mais cedo em meio à crise econômica

ISLAMABAD — As autoridades paquistanesas ordenaram na quarta-feira o fechamento de shoppings e mercados às 20h30, como parte de um novo plano de conservação de energia destinado a aliviar a crise econômica do país.

A medida ocorre em meio a negociações com o Fundo Monetário Internacional para suavizar algumas condições do resgate de US$ 6 bilhões ao Paquistão, que o governo acredita que causará um novo aumento da inflação.

O ministro da Defesa do Paquistão, Khawaja Mohammad Asif, e o ministro da Energia, Ghultam Dastghir, disseram na terça-feira que o governo decidiu fechar os estabelecimentos mais cedo como parte do novo plano de conservação de energia aprovado pelo Gabinete. As autoridades também ordenaram que salões de festas e restaurantes fechassem às 22h.

As medidas visam economizar energia e reduzir os custos do petróleo importado, pelo qual o Paquistão gasta US$ 3 bilhões anualmente e que é usado para gerar a maior parte da eletricidade do país.

Representantes de shoppings, restaurantes e lojistas querem que o governo reverta a decisão. Muitos paquistaneses fazem suas compras e jantam em restaurantes até meia-noite.

Os líderes empresariais dizem que as novas medidas terão um impacto negativo em seus estabelecimentos, que sofreram durante a pandemia sob bloqueios impostos pelo governo para conter a propagação do coronavírus.

O FMI liberou a última parcela crucial de US$ 1,1 bilhão para o país sem dinheiro em agosto e, desde então, as negociações entre as duas partes estão paralisadas.

O Paquistão diz que as inundações devastadoras do verão passado causaram danos de até US$ 40 bilhões, tornando difícil para o governo cumprir algumas das condições do FMI, incluindo aumentos no preço do gás e da eletricidade e novos impostos.

Também na quarta-feira, o ministro das Finanças, Ishaq Dar, atacou o ex-primeiro-ministro Imran Khan, acusando-o de “dar um alarme falso” ao alegar que o Paquistão poderia deixar de cumprir suas obrigações de dívida externa.

Khan foi deposto em um voto de desconfiança no parlamento em abril de 2021. Dar disse que, sob o novo governo do primeiro-ministro Shahbaz Sharif, o Paquistão “recuperou da beira do calote”.

O Paquistão também está enfrentando um aumento na violência militante desde novembro, quando o Talibã paquistanês – conhecido como Tehreek-e-Taliban Paquistão ou TTP – encerrou unilateralmente um cessar-fogo de meses com o governo.

Em entrevista coletiva na quarta-feira, o ministro do Interior, Rana Sanaullah Khan, procurou assegurar à nação que as forças de segurança estão combatendo a ameaça do TTP, ao mesmo tempo em que tentam trazer o grupo militante para a mesa de negociações. Ele disse que o Talibã paquistanês primeiro teria que depor as armas.

O TTP assumiu na quarta-feira a responsabilidade pela morte de dois oficiais de inteligência em um ataque com arma de fogo na província oriental de Punjab no dia anterior. Os talibãs paquistaneses são separados, mas aliados dos talibãs afegãos, que tomaram o poder no vizinho Afeganistão no ano passado quando as tropas dos Estados Unidos e da Otan se retiraram após 20 anos de guerra.