Atualidades com Marcello Amorim
Quando a Elite Militar Sucumbe à Insensatez: Justiça, Traição e os Limites da Democracia.
Nesta terça-feira, a prisão de quatro militares de elite do Exército e um policial federal chocou o país. Com currículos repletos de condecorações e formação especializada em inteligência, os acusados são suspeitos de planejar um atentado após a derrota de Jair Bolsonaro nas eleições de 2022. A Operação Contragolpe, autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, revelou mensagens obtidas pela Polícia Federal, indicando que, em 15 de dezembro de 2022, o grupo teria se posicionado nas ruas de Brasília para uma ação clandestina contra o próprio Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).
A PF aponta que os envolvidos usavam o aplicativo Signal para driblar interceptações, em um chat intitulado “Copa 2022”. Apesar das tentativas de sigilo, o plano foi descrito como amador, contrastando com o alto grau de qualificação dos suspeitos.
A história nos convida a reflexões filosóficas e teológicas. O caso guarda semelhança com a traição de Judas Iscariotes, discípulo de Jesus, que, mesmo próximo do Mestre e instruído em Seus ensinamentos, entregou-o por trinta moedas de prata (Mateus 26:14-16). Judas, como os militares presos, possuía credenciais para seguir outro caminho, mas escolheu trair o bem maior por razões obscuras. Assim como Judas enfrentou o julgamento de Deus e da história, os acusados também terão de prestar contas de suas ações.
Teologicamente, o episódio reafirma a importância do princípio da justiça. A ampla defesa e o contraditório, fundamentos do Estado de Direito, precisam ser garantidos, mesmo a quem é acusado de atacar a própria democracia. No entanto, é necessário ponderar a isenção de quem conduz esses processos. O STF, liderado por Moraes nesses inquéritos, enfrenta o desafio de manter a imparcialidade, vital para a credibilidade das investigações.
Na filosofia política, Platão alertava que a justiça consiste em “dar a cada um o que é devido”. A Lei deve ser rigorosa, mas imparcial, como um escudo para proteger a democracia, sem, no entanto, agir com vingança. O caso, um misto de imprudência e gravidade, evidencia que mesmo os mais preparados podem sucumbir a ilusões destrutivas, traindo sua própria vocação de servir ao bem comum.