Política
STF decreta prisão preventiva de Roberto Jefferson por homicídios qualificados por motivo torpe
Ataque a policiais federais durante cumprimento de mandado de prisão e estoque de munição na casa do ex-deputado foram agravantes para a decisão
Carlos Cecconello/Folhapress
Agentes da PF acusam Roberto Jefferson de os ter recebido pronto para um confronto
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), converteu de flagrante para preventiva a prisão do ex-deputado federal Roberto Jefferson nesta quinta-feira, 27, por quatro tentativas de homicídios qualificados por motivo torpe. Com isso, o magistrado determina que o presidente de honra do PTB ficará preso por tempo indeterminado. No despacho, Moraes cita o ataque de Jefferson a policiais federais que tentavam cumprir mandato de prisão contra ele. “Efetivamente, os elementos de prova colhidos por ocasião da prisão em flagrante revelam gravíssimo cenário de violência praticado por Roberto Jefferson Monteiro Francisco que, ao desobedecer ordem judicial, iniciou um verdadeiro confronto de guerra contra a Polícia Federal, ferindo efetivamente dois policiais federais”, escreveu. Além do ataques aos agentes da PF, o cenário se mostrou ainda mais grave com a apreensão de sete mil cartuchos de munição. “A mera posse, ainda que em sua residência, de um verdadeiro arsenal militar, covardemente utilizado contra uma equipe da Polícia Federal, se revela ainda mais grave pois, em decisão de 23/8/2021, nos autos desta Pet 9.844/DF, foi determinada a suspensão de todos os portes de arma em nome do preso, com notificação da Polícia Federal e do Exército Brasileiro”, diz outro trecho. Alexandre de Moraes avaliou os fatos como gravíssimos e ponderou que Jefferson montou um arsenal bélico que implica risco à ordem pública em caso de soltura do ex-parlamentar. Para o ministro, demais medidas cautelares já se demonstraram desproporcionais e inadequadas para Jefferson. “A prisão preventiva se trata, portanto, da única medida razoável, adequada e proporcional para garantia da ordem pública com a cessação da prática criminosa reiterada”, determina.
Jefferson estava em prisão em flagrante desde o último domingo, 23. Durante o cumprimento do mandado de prisão, o político disparou granadas e tiros de fuzil que feriram dois agentes da Polícia Federal. Agora, o ex-deputado responde por quatro tentativas de homicídio. Durante sua audiência de custódia, ele continuou criticando e até ofendendo ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Os alvos, mais uma vez, foram a ministra Cármen Lúcia e o ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e responsável por revogar a prisão domiciliar de Jefferson. Ele proferiu novas ofensas à Cármen Lúcia, ao dizer que fez um comentário “mais duro” e que queria “pedir desculpas às prostitutas pela má comparação, porque o papel dela (Cármen Lúcia) foi muito pior, porque ela fez muito pior, com objetivos ideológicos”, enquanto que as prostitutas “fazem por necessidade”. Jefferson também disse que vem sendo humilhado e perseguido por Alexandre de Moraes há dois anos, que o acusa de ser integrante de uma milícia digital. Para o ex-deputado, Moraes representa uma milícia do Judiciário. Roberto Jefferson segue tendo uma vida normal de detento no Complexo Prisional de Bangu 8, recebendo medicamento e, em breve, deve receber visitas de seus advogados. Ele disse também que, em nenhum momento, tentou ferir, machucar ou tirar a vida dos policiais que foram até sua caa para o cumprimento do mandato de prisão no último domingo. Os agentes disseram que Jefferson os recebeu prontos para um conflito.