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Um dia sem luz nem água em Kiev, mas com recém-nascidos
Ter uma vida normal por estes dias é uma missão praticamente impossível em Kiev. Na capital ucraniana, muitas áreas permanecem sem abastecimento de água e luz. Assim vivem também Oleksandra e Andrij Darmohrai.
Sempre que precisam de sair à rua, esperam-nos 360 degraus para baixo e outros tantos para cima. Tudo ficou ainda mais complicado desde há três meses quando os gémeos do casal nasceram.
No 19.° andar onde vivem, em Kiev, não há eletricidade e onde não há luz, não há elevador, nem aquecimento. Das torneiras não corre água. Tarefas do dia a dia, como lavar a loiça, ou cozinhar requerem imaginação.
A varanda, por exemplo, foi transformada em frigorífico devido às baixas temperaturas. A casa de banho serve de refúgio durante os bombardeamentos.
A normalidade possível é encontrada em pequenos gestos.
Abandonar Kiev não passa para já pelos planos da família, até porque a lei vigente durante a guerra impede os homens até aos 60 anos deixar o país. Sem um outro destino, os obstáculos vão sendo ultrapassados
Para Oleksandra, a conclusão é simples: “Nós somos uma família, e temos de passar por tudo isto juntos. E a Ucrânia é o meu país”.
Com as temperaturas prestes a poder descer até aos 30 graus negativos, Andrij e Oleksandra temem a chegada do inverno. As palavras já usadas pelo presidente ucraniano encontram eco nesta casa onde não há dúvidas de que a Rússia está a cometer um genocídio.