Mundo
Um mundo em luto
Um luto que se estende pelo mundo inteiro. Em Paris, a notícia do desaparecimento de Isabel II levou espontaneamente várias pessoas a juntarem-se frente à embaixada britânica.
Uma delas, Hannah Bond, dizia que “este é um momento muito importante para todos os britânicos. Todos sentem o mesmo nesta altura, um sentimento de perda”.
O mesmo aconteceu em Berlim. Bandeira a meia-haste no edifício da representação diplomática e uma série de homenagens individuais.
Victoria Winiarski, berlinense, afirma que sempre associou a Grã-Bretanha à rainha e que ficou surpreendida por, ela própria, ter ficado tão comovida com a notícia da morte. Por isso, juntamente com a família, decidiu vir despedir-se.
Nas ruas de Nova Iorque, muitos expressavam o que significa exatamente este momento histórico. Por vezes, com uma grande dose de pragmatismo. “Acho que é algo que faz muito parte da identidade britânica. Mas, enquanto americano, não me toca muito. Sei que para outros americanos sim, mas não para mim”, dizia Gary Menitt, um residente. Amy Larson, outra nova-iorquina, explicava que, sim, é um momento triste para as pessoas que a amavam, mas que de resto não terá impacto sobre o quotidiano, “sobre as economias ou mercados”, por exemplo.
Não muito longe, em Montréal, no Canadá, país do qual Isabell II era também chefe de Estado, as reações iam-se multiplicando à medida que a notícia avançava. Edima Udo, bancário, apontava que “é triste, mas não é assim tão importante. Acho que o Canadá devia ter uma abordagem mais independente e não estar tão preso ao Reino Unido”.
Na Argentina, país que viveu períodos de turbulência com Londres, há quem recorde o exemplo que a monarca deixou. Elizabeth Fariñez, uma professora reformada, realça que a relação dos argentinos com os ingleses é, de certa forma, conflituosa, mas que há que reconhecer que Inglaterra foi muito bem governada durante sete décadas.
Também na Nigéria, que foi governada pelo império britânico até 1960, se evocam todos os símbolos que Isabel II representava. “Fiquei muito triste quando soube da notícia da morte, mas celebro a sua vida como um símbolo de liderança, um símbolo de paz. Recordo que foi ela nos ofereceu a independência numa bandeja de ouro. Estou muito grato por isso. Que descanse em paz”, declarava Paul Apel, cineasta.
Bandeiras a meia-haste igualmente na ponte da Baía de Sydney, na Austrália, onde o primeiro-ministro, o republicano Anthony Albanese, falou no “fim de uma era”. Uma jovem australiana salientava que a rainha “representava muito para várias gerações de mulheres. Era uma figura incrível, se pensarmos nos períodos da História que ela viveu”. John Wenborn, habitante local, considera que “chegou a altura de os australianos debaterem o papel do chefe de Estado. Seja um monarca, um governador-geral ou outro. É a função que está em causa, não a pessoa que a desempenha”.